O câncer de mama é mais comum em mulheres que já passaram pela menopausa, mas muitos estudos têm apontado que cerca de 10 a 15% dos novos casos acomete mulheres que ainda estão em idade reprodutiva. Muitas delas ainda não tiveram filhos, fazendo da preservação da fertilidade uma medida importante antes de iniciar o tratamento.
Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia podem afetar significativamente a capacidade reprodutiva de homens e mulheres, seja inutilizando ou dificultando a produção de gametas ou prejudicando a saúde uterina ou ovariana.
Atualmente, existem diversas técnicas para permitir que os pacientes com câncer consigam ter filhos biológicos depois de vencer a doença. Entretanto, eles costumam atrasar o tratamento oncológico em cerca de duas a três semanas, o que pode ser um obstáculo em alguns casos.
Caso o câncer seja agressivo ou tenha sido descoberto num estágio mais avançado, pode não ser recomendado esperar a estimulação ovariana necessária para a criopreservação de óvulos ou Fertilização In Vitro, métodos mais comumente utilizados em oncofertilidade.
Ainda assim, é possível realizar o sonho de engravidar quando o tratamento de câncer precisa ser imediato, mas os métodos são um pouco mais delicados e, em alguns casos, ainda considerados experimentais.
Criopreservação do tecido ovariano
A criopreservação do tecido ovariano busca preservar óvulos dentro dos folículos ovarianos, onde ficam alojados um grande número de gametas. Como não é necessário esperar a maturação dos óvulos ou estimular o ovário hormonalmente para realizar essa técnica, ela é indicada para pacientes oncológicos que precisam iniciar o tratamento de imediato.
O fragmento do tecido é colhido por cirurgia minimamente invasiva antes de serem iniciadas as sessões de quimio ou radioterapia, para então ser criopreservado. Após a conclusão do tratamento, o tecido poderá ser descongelado e transplantado de volta para o corpo da paciente. Se o tecido transplantado for suficientemente vascularizado e os ovários estiverem em bom funcionamento, a gravidez espontânea é possível.
Maturação In Vivo
Considerado, ainda, um método experimental de preservação da fertilidade, a maturação in vivo consiste na coleta de óvulos imaturos, ou seja, antes da ovulação espontânea. No laboratório, eles são maturados por 24h a 48h em um meio de cultura com pequenas quantidades de hormônios. Após esse processo, eles poderão ser criopreservados ou fertilizados in vitro para futura implantação.
As pesquisas a respeito da maturação in vitro ainda são um pouco escassas, mas diversos avanços tecnológicos parecem ter refinado a técnica, oferecendo resultados comparáveis a outros métodos de preservação da fertilidade.
Doação de gametas e Fertilização In Vitro (FIV)
Caso o tratamento de câncer tenha causado falência ovariana precoce na paciente mas seu útero continua viável para gestação, a mulher pode optar por receber uma doação de óvulo de outra paciente e, então, realizar a Fertilização In Vitro a partir do esperma do companheiro ou do banco de doação.
No Brasil, a doação de gametas segue uma série de regras estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), de maneira que a doação de óvulos e sêmen seja anônima e segura.
Depois que o óvulo é fecundado, o embrião é cultivado em laboratório para então ser transferido para o útero da paciente, onde precisa se fixar e continuar seu desenvolvimento. Se você quiser entender melhor sobre essa etapa, leia nosso post sobre como se programar para a transferência de embrião.