Método ROPA possibilita que mulheres em união homoafetiva tenham papel ativo na maternidade
O método ROPA é uma técnica de reprodução assistida capaz de possibilitar que as duas mulheres numa união homoafetiva tenham um papel ativo no processo de Fertilização In Vitro. Trata-se de uma sigla que significa Reception of Oocytes from the Partner, ou Recepção de Oócitos da Parceira, em português.
Com essa técnica, uma mulher é a mãe genética, ao prover o óvulo utilizado no processo, e a outra é a mãe biológica, já que vai passar pela gestação. Ou seja, uma contribui com o gameta, e outra com o útero para prosseguir com a gestação.
Para quem o ROPA é indicada
O método ROPA é indicado para casais homoafetivos femininos que querem compartilhar a maternidade e o processo de reprodução assistida de maneira ativa, seja por escolha ou em decorrência de algum problema de saúde em alguma das mulheres. Algumas situações em que a utilização do material genético e útero de mulheres diferentes podem ser indicadas são as seguintes:
- Óvulos de má qualidade
- Fim da reserva ovariana
- Disfunção ovariana grave
- Risco de transmissão de doenças infecciosas
- Anormalidades cromossômicas ou genéticas
- Falha em outros procedimentos de fertilidade
Como é o processo do ROPA
A mulher que contribuir com os óvulos irá passar pelo mesmo processo que qualquer outra tentante da Fertilização In Vitro.
Primeiro, ela passará pela estimulação ovariana, em que vamos utilizar hormônios para maturar os folículos e, depois de alguns dias de acompanhamento com ultrassom e exames de sangue, obter vários oócitos.
Se estiver tudo certo, vamos coletar os óvulos e, em laboratório, fecundá-los com o esperma de um doador e desenvolver múltiplos embriões.
Enquanto isso, a mulher que vai receber o embrião já iniciou o seu tratamento para preparar o útero e aumentar as chances de implantação. Para isso, administramos hormônios como estrogênio e progesterona, que vão ajudar a engrossar o endométrio.
Assim que o útero estiver em boas condições para implantação, selecionamos o melhor embrião para ser transferido para a cavidade uterina. Aproximadamente quinze dias depois, realizamos um teste beta-hCG para confirmar a gestação.
E o registro do bebê, como fica?
Seja com o método ROPA ou a Fertilização In Vitro tradicional, o Conselho Nacional de Justiça garante que filhos gerados por meio de técnicas de reprodução assistida sejam registrados pelas duas mães no Cartório, sem demais problemas. A única diferença é que os campos de “pai” e “mãe” são trocados por “filiação”.
Entretanto, precisamos ressaltar que para além de seu uso em casos específicos, a ROPA é um recurso que ajuda os casais homoafetivos a aprofundar o processo de reprodução assistida, mas seja qual for a técnica utilizada, o bebê de um casal de mulheres é filho de ambas.
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Reprodução humana assistida para casais sorodiscordantes
Casais sorodiscordantes são aqueles em que um dos parceiros tem uma doença infectocontagiosa que pode ser transmitida sexualmente. Para esses casais, a reprodução natural é desaconselhada porque o sexo sem preservativo poderia infectar a pessoa que não tem a doença e também transmiti-la para o bebê.
Geralmente, estamos falando de Hepatite B e C, HIV ou do vírus HTLV, causador de enfermidades do sistema neurológico. Até o advento da reprodução humana assistida, as chances de ter um bebê naturalmente sem infectar o parceiro ou transmitir a doença para a criança era praticamente nula. Porém, agora, casais sorodiscordantes podem ter filhos de maneira segura.
O processo de reprodução assistida para casais sorodiscordantes
O primeiro passo para o casal sorodiscordante ter filhos é ser acompanhado por um médico infectologista, responsável por solicitar e analisar exames que vão avaliar a carga viral do casal, dosagem de células de defesa e outros fatores.
Além disso, eles vão passar por todos os exames que qualquer outro casal em tratamento de fertilidade também costuma realizar, para que possamos identificar e tratar possíveis anomalias que interfiram na fertilidade masculina e feminina.
No mais, as intervenções podem ser diferentes dependendo de quem é o portador da doença infecciosa:
Homem infectado e mulher não infectada
Quando o homem é a pessoa infectada do casal, vamos analisar a carga viral do sêmen, prepará-lo e tratá-lo com uma lavagem seminal, para isolar todos os espermatozóides livres de contaminação. Esses serão os utilizados num processo de inseminação artificial ou de Fertilização In Vitro e a mulher poderá utilizar medicações profiláticas para evitar a contaminação por HIV, se necessário.
Mulher infectada e homem não infectado
Quando a mulher é a pessoa infectada do casal, há uma preocupação a mais: a transmissão vertical, da mãe para o bebê durante a gestação ou nascimento. Para evitá-la, vamos analisar a sua carga viral.
Se for baixa, podemos usar medicamentos e, no caso da hepatite, utilizar vacinas para tornar a gestação mais segura. Já para evitar a contaminação por HIV, o parto natural poderá ser contraindicado, bem como a amamentação.
FIV ou inseminação artificial para casais sorodiscordantes?
A decisão entre Fertilização in Vitro ou a inseminação artificial para casais sorodiscordantes vai depender do status de fertilidade do casal. Nesse sentido, não importa quem é o portador da doença, mas sim outros problemas de fertilidade que o casal possa estar enfrentando.
Vale ressaltar, também, que o tratamento para HIV e Hepatite pode ter efeitos negativos sobre a fertilidade masculina e feminina, e que ser portador de algum desses vírus não impede a pessoa de ter outros problemas de saúde que dificultam uma gravidez natural.
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Doença renal crônica e fertilidade: entenda a relação
A doença renal crônica (DRC) é a diminuição lenta e progressiva da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. Esse problema é irreversível e, na maioria dos casos, é causado por outras enfermidades, como diabetes e hipertensão, mas também pode estar associado a fatores genéticos.
Infelizmente, uma das consequências da doença pode ser a infertilidade, já que a conexão entre a glândula pituitária (hipófise), o hipotálamo e as gônadas (ovários e testículos) fica comprometida com a progressão da DRC e o tratamento.
Considerando que uma parcela significativa dos portadores da doença ainda está em idade reprodutiva, essa questão deve ser trazida pela equipe médica para que a paciente possa fazer um planejamento familiar que considere sua realidade.
Como a doença renal crônica causa infertilidade
A diálise peritoneal e a hemodiálise são parte do tratamento de qualquer pessoa com doença renal crônica, e, nas mulheres, esses procedimentos podem causar anemia, o que leva a alterações hormonais que impactam o ciclo menstrual e consequentemente, a ovulação.
Estima-se que aproximadamente 10% das mulheres com DRC têm ciclos regulares, 40% possuem ciclos irregulares e 50% sequer ovulam. Ou seja, as chances de gravidez existem para mulheres portadoras da doença, mas em alguns casos, a gestação só será possível com a reprodução assistida.
Em todos esses casos, o desafio, entretanto, será lidar com uma gestação de risco, com chances maiores de pré-eclâmpsia, desenvolvimento fetal prejudicado, nascimento prematuro e agravamento da insuficiência renal e pressão arterial da mãe.
Para uma mulher com DRC engravidar com saúde é necessário um acompanhamento intensivo da equipe médica, com medicação (inclusive, para controlar a hipertensão), hemodiálise, se necessário, e dieta rigorosa.
Muitas pacientes se beneficiam, também, de um transplante de rim antes de realizar o sonho da maternidade, mas existe o risco de perder o órgão transplantado após a gestação.
Como a reprodução humana assistida pode ajudar mulheres com DRC
Considerando que a grande maioria das mulheres com doença renal crônica não apresenta um ciclo menstrual regular, a tecnologia de reprodução assistida pode ser uma grande aliada, ao induzir a ovulação com medicamentos, por meio da Fertilização In Vitro (FIV) e até mesmo ao preservar a fertilidade das pacientes.
A partir dessa avaliação , a decisão entre o coito programado, inseminação artificial e a FIV será tomada de acordo com as especificidades de cada paciente ou casal.
Uma das vantagens da FIV é a possibilidade de implantar apenas um embrião, já que uma gestação de gêmeos poderia trazer mais riscos ainda para a gestante e os fetos. Além disso, as chances de sucesso dessa técnica são maiores até mesmo do que as de uma gravidez natural!
Já o congelamento de óvulos pode ser uma boa estratégia para mulheres com DRC que ainda não querem ser mães, mas pretendem preservar sua fertilidade e tentar engravidar mais tarde.
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Março amarelo: Mitos e verdades sobre a endometriose
A endometriose é uma condição que afeta aproximadamente 6,5 milhões de mulheres brasileiras e se caracteriza pela presença de células do tecido que reveste o útero, o endométrio, em outros órgãos da região abdominal, como ovários, trompas, bexiga e intestino.
Trata-se de uma doença inflamatória e proliferativa, ou seja, que tende a se expandir com o passar do tempo. Dependendo do grau do problema, a endometriose prejudica muito a qualidade de vida da mulher com dores intensas durante a menstruação e relações sexuais, além de causar problemas de infertilidade.
Infelizmente,a própria natureza complexa da endometriose fizeram com que a doença ficasse cercada de equívocos e mitos, que se tornam verdadeiros obstáculos para que as mulheres recebam ajuda médica adequada.
Para ajudar a conscientizar as mulheres, sejam elas portadoras de endometriose, vamos comentar alguns mitos e verdades sobre a doença. Assim, esperamos contribuir para que mais pessoas conheçam a endometriose e para que mais mulheres possam buscar assistência médica antes que o problema se torne grave. Vamos lá?
Sentir muita dor na menstruação é normal – Mito!
Embora seja normal sentir cólicas no período pré-menstrual ou durante a menstruação, dores que interferem na vida cotidiana ou que se tornam incapacitantes não são normais e precisam de investigação médica.
Mesmo para mulheres com endometriose, a dor não deve ser tida como normal, já que encará-la dessa forma, além de prejudicar a qualidade de vida, afasta a paciente de tratamentos que podem aliviar as dores e prevenir a progressão da doença.
Adolescentes não têm endometriose – Mito!
Por muito tempo, acreditou-se que a endometriose só acometia mulheres acima dos 20 anos. Isso se deve ao fato de que a cirurgia exploratória era a única forma de diagnosticar aquelas que já apresentavam sintomas muito graves e já tinham tido filhos.
Entretanto, muitas mulheres já apresentam sintomas de endometriose no início da adolescência, e desde os anos 1990, temos muitas evidências de que adolescentes e jovens mulheres podem sim ter endometriose.
Principalmente para meninas e mulheres e jovens, foi muito comum que as queixas de dor abdominal relacionada à menstruação não fossem levadas a sério, e, em menor escala, essa ainda é uma realidade hoje.
Por isso, mesmo que você tenha menos de 25 ou 30 anos, não deixe de buscar ajuda médica caso você sofra com dores abdominais, ok?
A endometriose é sempre dolorosa – Mito!
Apesar das dores abdominais serem um dos principais sintomas da endometriose, nem todas as pacientes com a doença sentem dor. É muito comum que mulheres com endometriose só descubram que são portadoras da doença depois de um ultrassom ou após terem dificuldades para engravidar.
Gravidez ou histerectomia curam a endometriose – Mito!
Muitas pessoas pensam que a interrupção do ciclo menstrual durante a gravidez funciona como uma cura para a endometriose, mas isso não é verdade! Os sintomas podem ser amenizados durante esse período, mas assim que o bebê nasce e os níveis hormonais começam a se estabilizar, os sintomas tendem a retornar.
Outras mulheres pensam que remover o útero e as trompas pode curar a endometriose. Acontece que a doença se caracteriza justamente pela presença do tecido endometrial fora do útero, então quando o assunto é cirurgia o principal é, na verdade, remover de endometriose, ou seja, o tecido endometrial ectópico.
A endometriose tem tratamento – Verdade!
Apesar de não poder ser curada, a endometriose pode ser tratada com medicamentos hormonais e, em alguns casos, com cirurgia. Para muitas mulheres, essas medidas conseguem paralisar a evolução da doença, amenizando os sintomas e, principalmente, prevenindo problemas de infertilidade.
Nesse sentido, receber o diagnóstico precocemente faz toda a diferença.
Fertilização In Vitro não é indicada para quem tem endometriose – Mito!
As taxas de sucesso da FIV tendem a ser similares para mulheres com endometriose do que para aquelas que não têm esse problema, e isso não significa que a Fertilização In Vitro não é indicada.
Muito pelo contrário, essa é uma das técnicas de reprodução assistida mais bem sucedidas para portadoras de endometriose, principalmente quando está associada a outros métodos de tratamento da doença.
Você tem alguma dúvida sobre endometriose? Fale com a gente!
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Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Uma complicação possível depois da indução da ovulação para tratamentos de infertilidade é a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, resposta exagerada dos ovários aos hormônios utilizados para maturar os óvulos.
Na parte 1, te explicamos como esse problema se desenvolve e os tratamentos indicados de acordo com a seriedade de cada caso de SHO. Agora, queremos falar sobre as formas de prevenir a Síndrome e, assim, evitar arriscar a saúde da tentante e o cancelamento do ciclo de estimulação ovariana.
Fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Identificar as pacientes que correm mais riscos de desenvolver a SHO é a principal forma de prevenir esse problema, já que poderemos adequar o tratamento de acordo com as especificidades de cada uma.
Alguns fatores de risco amplamente conhecidos são os seguintes:
- Mulheres com Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 20, ou seja, que estão abaixo do peso ideal;
- Mulheres com Síndrome de Ovários Policísticos;
- Mulheres com menos de 32 anos;
- Mulheres com histórico prévio de Síndrome de Hiperestimulação Ovariana;
Durante o tratamento, mulheres com altos índices de hormônio antimulleriano ou com mais de 15 folículos maduros também correm mais riscos de desenvolver a Síndrome e devem ser acompanhadas de perto.
Todos esses fatores são observados pela equipe de reprodução assistida para fazer ajustes no tratamento de fertilidade, sempre com o objetivo de preservar a saúde da mulher e possibilitar a gravidez.
Entretanto, como a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana pode colocar a vida da tentante em risco, em alguns casos o cancelamento do ciclo poderá ser recomendado.
Cancelamento do ciclo pode ser necessário na SHO
Tecnicamente, o cancelamento do ciclo de estimulação ovariana é a forma mais eficaz de prevenir o agravamento da SHO, mas nunca é fácil tomar essa decisão. A essa altura do tratamento, a mulher já está muito envolvida emocionalmente e financeiramente, e a última coisa que deseja é perder a chance de engravidar.
O uso de protocolos mais seguros como o protocolo antagonista e o trigger ( maturação final dos oócitos) com análogo do GnRH, tem se mostrado altamente eficaz na prevenção da SHO, com raríssimos casos descritos no mundo.
Outra alternativa imediata é chamada de coasting, que consiste na parada temporária de gonadotrofinas enquanto mantemos outros tipos de hormônios. Apesar de ser um grande aliado no controle da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, ainda é associado a menores taxas de gravidez.
Para pacientes em risco mas que chegaram a realizar a coleta de óvulos, pode ser também recomendado criopreservar os gametas ou embriões para uma gravidez em outro ciclo.
Essa medida pode ser interessante para evitar que uma possível gestação agrave mais ainda o quadro de SHO. Além disso, pacientes com a Síndrome possuem níveis elevados de estradiol, o que pode ser prejudicial para o endométrio e também para o embrião.
Sabemos que lidar com a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, principalmente em quadros mais graves, pode ser assustador para a tentante. Justamente por isso, estamos disponíveis para responder todas as suas dúvidas sobre o assunto. É só deixar nos comentários aqui embaixo!
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Assim como qualquer tratamento médico, a indução da ovulação realizada em processos de reprodução assistida também traz alguns riscos associados. Um deles é a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO), caracterizada pela resposta exagerada dos ovários à estimulação hormonal.
Esse problema, geralmente, é autolimitado, ou seja, se resolve sozinho dentro de uma determinada janela de tempo, mas necessita de acompanhamento porque pode gerar complicações muito sérias.
Na forma leve a moderada, seus principais sintomas são aumento no tamanho dos ovários, distensão ou desconforto abdominal, dor ou cólica, náusea, vômito , inchaço e ganho de peso. Eles são provocados pelo aumento da permeabilidade vascular, gerando acúmulo de líquido na cavidade abdominal e torácica.
Os casos mais leves costumam ser mais comuns, afetando aproximadamente 10% das mulheres tentantes, enquanto os índices para SHO moderadas e graves são de 3% a 6% e 0,5% a 2%, respectivamente.
Além disso, a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana também pode ocasionar o cancelamento do ciclo, o que gera muita frustração para a paciente.
Entendendo a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
O hormônio responsável por essa síndrome é o hCG. Ele estimula as células dos folículos ovarianos a produzirem substâncias que fazem com que o líquidos saiam das veias e artérias para o ambiente extravascular.
O hCG é utilizado para maturar os óvulos no processo de estimulação ovariana e costuma ser aplicado de 34h a 36h antes da coleta de óvulos. Chamamos esse hormônio de hCG exógeno.
Entretanto, ele também é liberado no início da gravidez pelas células do tecido que darão origem à placenta, e por isso é o hormônio utilizado como marcador para sabermos se a mulher está ou não grávida. Nesse caso, o chamamos de hCG endógeno.
Portanto, a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana pode ser um resultado tanto do processo de reprodução assistida quanto da gravidez em si, mas o hCG endógeno está associado a formas mais graves da doença.
Tratamento e complicações da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Essa Síndrome pode ser classificada como leve, moderada ou grave, refletindo a quantidade de líquido que se acumula no espaço entre a pele, músculo e demais órgãos.
Por esse motivo, as consequência do problema podem variar bastante, indo desde leve desconforto abdominal causado pelo aumento do tamanho dos ovários a trombose e insuficiência renal.
No quadro leve, a paciente pode perceber uma distensão abdominal, desconforto na região e náusea leve, com ocorrência de vômitos. O tratamento é administração de líquido isotônico, para restabelecer o equilíbrio do organismo e suplementação de proteína.
No quadro moderado, os sintomas são parecidos, mas podem ser mais intensos e a paciente também pode apresentar ascite (barriga d’água). Em alguns casos, é necessário interná-la para administrar medicamentos intravenosos.
Por fim, no quadro grave, a mulher pode apresentar complicações muito mais sérias, como acúmulo de líquido no tórax, ausência ou diminuição drástica do volume de urina, trombose venosa profunda, síncope e rápido ganho de peso.
Nesses casos, costuma ser necessário que a paciente seja internada em UTI e passe por uma drenagem do hidrotórax e da ascite por via vaginal. O quadro é grave, mas é importante se lembrar que esse é um fenômeno bastante raro, e atualmente, praticamente evitável com o uso de protocolos específicos.
Receber todas essas informações pode ser assustador para quem está buscando a reprodução assistida. Além de toda a ansiedade que é comum entre as tentantes, elas precisam também lidar com os riscos associados ao procedimento.
Por isso é tão importante estar amparada por uma boa equipe, que leva em conta as angústias desse processo e vai esclarecer todas dúvidas da paciente, o que sem dúvidas contribui para que ela se sinta mais tranquila.
No próximo post do blog, vamos contar alguns fatores de riscos envolvidos na Síndrome da Hiperestimulação Ovariana e como é possível prevenir o problema. Continue de olho por aqui, ok?
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Histerossalpingografia: o exame que ajuda a avaliar a saúde do útero e das trompas
Quando uma tentante busca a reprodução assistida por não conseguir engravidar naturalmente, indicamos uma série de exames para o casal com o objetivo de descobrir quais fatores podem estar impedindo a gestação.
Um desses exames é a histerossalpingografia, procedimento ginecológico que vai avaliar o útero e as trompas da paciente e verificar a presença de problemas como malformações, miomas, tecidos cicatriciais ou tubas obstruídas, por exemplo.
Como o raio-x comum não oferece a precisão necessária para avaliar a anatomia dos órgãos do corpo, na histerossalpingografia vamos aliar essa prática a um contraste aplicado diretamente no útero.
O que buscamos com uma histerossalpingografia
A histerossalpingografia busca, geralmente, identificar se as trompas estão pérvias e problemas uterinos que só podem ser diagnosticados com imagens. Alguns exemplos são os seguintes
- Malformação congênita
- Desenvolvimento de pólipos (crescimento semelhante a uma verruga)
- Miomas (tumores benignos
- Aderências e cicatrizes uterinas
Ou seja, esse exame serve justamente para verificarmos se a anatomia do sistema reprodutor da paciente está favorável para uma gravidez.
Ao identificarmos alguma dessas condições, podemos iniciar um tratamento para o problema em si ou utilizar uma técnica de reprodução assistida que possibilite a gravidez mesmo sem resolvê-lo.
Por exemplo, se uma paciente possui uma aderência que impede a chegada do espermatozóide até as trompas, a Fertilização in Vitro poderá ser indicada porque anula a necessidade de deslocamento tanto do gameta masculino quanto do óvulo fecundado.
Caso nenhuma alteração seja encontrada na histerossalpingografia, investimos em outros exames para tentar determinar a causa da infertilidade. Vale lembrar que problemas hormonais, por exemplo, não podem ser identificados por esse exame, além da endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina.
Como a histerossalpingografia é feita
Geralmente, indicamos que esse exame seja realizado uma semana após a menstruação e antes da ovulação, ou seja, entre o 6º e o 12º dia do ciclo menstrual. Vale ressaltar que o contraste utilizado pode causar perda gestacional, por isso é fundamental garantir que a paciente não está grávida antes de realizar a histerossalpingografia.
A histerossalpingografia é um exame simples e rápido, com duração média de 20 a 30 minutos. Ao utilizar raio-x e contraste, conseguiremos ver toda a anatomia do sistema reprodutor feminino.
Funciona assim: a mulher se deita de barriga para cima, com as pernas abertas e os joelhos dobrados, na posição comum para exames ginecológicos. O médico radiologista responsável pelo procedimento vai examinar rapidamente a região da vulva e então inserir um espéculo para manter a entrada da vagina aberta e permitir a visualização do colo do útero.
Depois, o médico irá inserir um cateter fino pelo orifício do colo uterino para injetar o contraste, que inunda o útero e as trompas até perto dos ovários, para só então começar a fazer o raio-x.
De maneira geral, esse não é um exame doloroso, mas algumas mulheres relatam sentir um pouco de cólica durante a histerossalpingografia. Por isso, pode ser que o médico receite algum tipo de medicamento para dor antes do procedimento.
Após o exame, o contraste será eliminado na forma de corrimento vaginal, e é importante que a paciente utilize um absorvente externo ao invés do interno para evitar infecções.
Quer saber mais sobre os exames que costumamos solicitar para começar a tratar a fertilidade de casais tentantes? Então confira esse post aqui do nosso blog em que listamos os principais deles.
O que é endométrio fino e como tratar para engravidar
O endométrio fino é uma das condições que podem afetar tanto a capacidade de a mulher engravidar quanto de manter a gestação. Não é incomum que essa seja uma das causas para a falha de implantação da FIV, por exemplo.
Muitas vezes, está tudo certo com o embrião, mas a espessura do endométrio não é adequada para que ele se desenvolva. Entretanto, apesar de causar esse e outros problemas de fertilidade, o endométrio fino tem tratamento.
O que é endométrio fino
Endométrio é a camada que reveste a parte interna do útero. É neste tecido que ocorre a implantação do embrião, o que dá início a uma gravidez.
Naturalmente, sua espessura muda ao longo do ciclo menstrual de acordo com a variação de hormônios na corrente sanguínea. Quando a mulher está no período fértil, é quando o endométrio fica mais grosso, pronto para receber o embrião. Se a fecundação não ocorre, o endométrio descama na forma de menstruação.
Entretanto, algumas mulheres podem ter uma camada muito fina de endométrio, mesmo no período fértil.
Alguns sinais de que você pode ter o endométrio fino são dificuldades para engravidar, ciclos menstruais irregulares e sangramento fora da menstruação.
Não existe um valor padrão para que o endométrio seja considerado saudável, mas, geralmente, quando fazemos o ultrassom para o tratamento de FIV, conseguimos identificar que a espessura dessa camada está abaixo do ideal para a fecundação. Uma camada fina do endométrio pode prejudicar o sucesso do tratamento de fertilidade.
Como é o tratamento para endométrio fino
Existem estratégias para aumentar a espessura do endométrio e aumentar as chances de a mulher engravidar.
A otimização do estímulo à ovulação, com uso de medicamentos de ação hormonal específica, pode produzir melhora na espessura endometrial. Alguns medicamentos vasodilatadores ou anticoagulantes estão também sendo estudados.
Algumas vezes a causa do problema pode estar em um processo infeccioso, a endometrite crônica. Esse problema pode ser identificado por histeroscopia com biópsia e tratado com antibióticos.
A injúria endometrial , ou “endometrial scratching” em inglês também foi proposta como uma estratégia para melhorar a receptividade endometrial, mas os resultados que pareciam otimistas inicialmente, ainda não são definitivos, ficando essa estratégia geralmente indicada quando a paciente já teve muitos ciclos de falha na FIV.
Vale ressaltar que muitas mulheres conseguem engravidar mesmo com o endométrio mais fino do que é considerado normal, desde que sua receptividade seja favorável, ou seja, na sua espessura máxima.
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Tudo que você precisa saber sobre ácido fólico, seu suplemento antes e durante a gravidez
O ácido fólico é um dos maiores aliados das mulheres grávidas porque ajuda no desenvolvimento do feto em fases cruciais, prevenindo uma série de problemas graves.pr.
Apesar de estar presente em uma série de alimentos, ingeri-lo na forma de suplemento é uma forma de ter certeza de que você está consumindo quantidade adequada de ácido fólico.
O que é ácido fólico
Ácido fólico é o nome dado à versão sintética do folato, uma das vitaminas do complexo B mais importantes para a saúde como um todo. Ele auxilia no metabolismo celular e na formação de novas células no corpo. Em adultos, o ácido fólico é fundamental no crescimento das unhas, pele e cabelos. Sabendo disso, dá para imaginar a importância desse micronutriente na formação dos bebês, certo?
Alimentos como espinafre, aspargos, abóbora, cenoura, quiabo, brócolis, bife de fígado, feijão de corda e abacate costumam ser ricos em ácido fólico. Por isso, mantê-los regularmente na dieta é muito importante. Porém, a versão sintética é considerada mais estável e absorvível.
Benefícios do ácido fólico para gestantes e tentantes
O ácido fólico é fundamental na formação do feto, principalmente nas primeiras semanas de desenvolvimento. Esse micronutriente reduz as chances de malformações no tubo neural, (estrutura precursora do cérebro e da medula espinhal), causadoras de problemas como paralisia de membros inferiores, anencefalia e espinha bífida.
De acordo com o Center for Disease Control and Prevention (CDC), pelo menos metade dos casos de defeitos no tubo neural no mundo inteiro podem ser prevenidos com a suplementação de ácido fólico.
Para as tentantes, a suplementação é ainda mais importante. Primeiro, porque esse tipo de malformação começa quando a mulher ainda nem sabe que está grávida, motivo pelo qual o CDC recomenda o uso de ácido fólico para todas as mulheres em idade reprodutiva.
Segundo, porque diversos estudos apontam para maiores chances de concepção entre mulheres que utilizaram suplementação de ácido fólico.
Um estudo dinamarquês publicado no European Journal of Clinical Nutrition avaliou que, das participantes, as mulheres que utilizaram ácido fólico tinham 15% mais chances de engravidar em 12 ciclos.
Entre aquelas com ciclos irregulares, o uso de ácido fólico aumentou em até 35% as chances de ter um bebê.
Em pacientes passando por Fertilização In Vitro, o ácido fólico está associado a uma melhor qualidade do embrião e, consequentemente, maiores chances de sucesso no procedimento, de acordo com um estudo publicado em 2019 no Clin Med Insights Womens Health.
Além disso, o ácido fólico também tem um papel importante na neutralização do estresse e da inflamação do corpo, dois fatores que prejudicam a fertilidade feminina de maneira geral.
Suplementação de ácido fólico deve ser prescrita por médico
Assim como qualquer outro suplemento alimentar, é melhor ter orientação médica a respeito do seu uso correto. Principalmente porque o excesso de ácido fólico pode esconder os sinais de que a paciente está com deficiência de outro micronutriente importante, a vitamina B12.
Reserva ovariana: o que é e como preservar
Problema na tireoide? Entenda o papel desta glândula na fertilidade
Reserva ovariana: o que é e como preservar
Quando começamos a investigar o status de fertilidade de uma mulher, um dos primeiros fatores que precisamos levar em consideração é a sua reserva ovariana. Trata-se da quantidade de óvulos disponíveis para amadurecerem e serem liberados durante o ciclo menstrual.
As mulheres nascem com aproximadamente 2 milhões de óvulos e vão perdendo cerca de mil a cada menstruação, de maneira que, ainda na adolescência, costuma sobrar apenas cerca de um terço dos gametas femininos.
Quanto mais o tempo passa, menor é a quantidade de óvulos disponíveis, um processo natural e impossível de se evitar.
É por isso que fica mais difícil engravidar após os 35 anos, quando os óvulos disponíveis são poucos e podem conter erros genéticos causadores de síndromes, má-formações e abortos espontâneos. Ao chegar ao fim da reserva ovariana e a mulher ter a sua última menstruação, dizemos que ela entrou em menopausa.
Entretanto, são muitas as mulheres que descobrem o comprometimento da sua reserva após tentarem engravidar naturalmente por pelo menos um ano, sem obter sucesso. Elas procuram a reprodução humana assistida e realizam uma série de exames, entre eles o anti mulleriano, que rastreia, no sangue, a quantidade do hormônio HAM.
Essa substância é produzida pelos ovários, mais precisamente pelas células da granulosa dos folículos que abrigam cada óvulo. Se estiver em baixa, quer dizer que a reserva ovariana da mulher está diminuída.
Fatores que impactam a reserva ovariana
Apesar de não poder impedir que a reserva ovariana se esgote algum dia, é sim possível adotar algumas atitudes para que a mulher mantenha seus óvulos saudáveis por mais tempo.
Basicamente, é fundamental levar uma vida saudável, evitar o tabagismo, café e álcool em excesso, mantendo uma dieta equilibrada com quantidades adequadas de ácido fólico, vitamina D e ômega 3. Atividade física e manejo de stress também são fundamentais para diminuir a velocidade da perda dos óvulos.
Há, também, casos em que a mulher tem insuficiência ovariana prematura, também conhecida como menopausa precoce, caracterizada pela diminuição drástica na quantidade de óvulos, causando amenorreia antes mesmo dos 40 anos.
Geralmente, é difícil dizer a causa do problema, mas acredita-se que pode estar ligado a doenças autoimunes ou genética. É possível lidar com a menopausa precoce com terapia de reposição hormonal, obtenção de gravidez ainda jovem, tratamento de doenças associadas ou preservação da fertilidade com a reprodução assistida.
Preservando a reserva ovariana com a reprodução assistida
É importante lembrar que, para que uma mulher engravide, ela só precisa que um óvulo saudável seja fecundado. Para quem está com a reserva ovariana baixa e quer engravidar imediatamente, esse pode não ser um problema.
Entretanto, o que acontece com as mulheres que não desejam ou não podem engravidar enquanto possuem uma reserva ovariana suficiente para ter uma ou mais gestações?
Nesses casos, a melhor estratégia é o congelamento de óvulos, a criopreservação. Nesse procedimento, a mulher é submetida, inicialmente, à estimulação ovariana e em seguida à coleta dos óvulos. Depois, esse material coletado recebe uma aplicação de nitrogênio líquido, que congela as amostras a temperaturas que chegam a -196ºC. Assim, mantemos todas as propriedades dos gametas.
Idealmente, o congelamento de óvulos deve ser feito antes dos 35 anos, para garantir uma boa quantidade e qualidade desses gametas, mas nada impede que a mulher passe por esse processo mais tarde, caso queira postergar ainda mais a gravidez.
Entretanto, como explicamos, as chances de problemas com a qualidade dos óvulos são maiores após os 35.