Estima-se que mais de 70 milhões de mulheres no mundo todo sejam portadoras de endometriose. Essa doença se caracteriza pela presença de tecido endometrial fora do útero, o que pode causar sintomas muito dolorosos e outros problemas como dificuldade de engravidar.
Infelizmente, a endometriose não tem cura garantida. Algumas medidas podem atenuar os sintomas e, em alguns casos, uma cirurgia laparoscópica pode ser uma aliada. Entretanto, nem mesmo essa intervenção cirúrgica impede que o tecido endometrial continue a se desenvolver fora da cavidade uterina.
Por esse motivo, as portadoras de endometriose não têm outra opção além de conviver com a doença, que pode ser leve, moderada ou severa, com variação nos sintomas que não necessariamente correspondem à gravidade da doença. Alguns deles são:
- Dor intensa na região pélvica, especialmente durante a menstruação
- Sangramento excessivo durante a menstruação
- Dor ao urinar ou defecar
- Diarreia ou prisão de ventre
- Dispareunia ou dor na relação sexual
- Dificuldade para engravidar mesmo em idade reprodutiva
Cada mulher irá experienciar a endometriose de uma maneira, e conhecer a história de algumas delas pode ajudar a entender melhor a doença.
Convivendo com a dor da endometriose
Para Alice, uma das embaixadoras da entidade Endometriosis UK, fortes dores ginecológicas apareceram um ano antes da sua primeira menstruação, quando o desconforto piorou. As dores eram diárias e ela precisava ir ao hospital receber medicação intravenosa a cada menstruação e período ovulatório.
A dor, somada à fadiga (consequência da anemia causada pela perda excessiva de sangue) prejudicou a sua qualidade de vida na adolescência e ela só conseguiu o seu diagnóstico de endometriose depois de passar por uma laparoscopia exploratória.
Alice se sentiu aliviada depois do diagnóstico, já que temia sofrer de “dores sem causa” e que, portanto, não poderiam ser manejadas. Ela iniciou um tratamento para induzir uma menopausa artificial que pode ser revertida futuramente, o que melhorou muito sua qualidade de vida.
Depois de lidar com dores diárias por quase três anos, Lyndsey aprendeu técnicas e estratégias para ajudar a manejar a dor, além de praticar exercícios leves e alongamentos.
Mudar o ritmo de vida, a dieta e reduzir o estresse tiveram um efeito positivo na sua recuperação e, agora, ela já é capaz de passar mais tempo com a família e os amigos, bem como fazer planos.
Outra medida que ajudou Lyndsey a enfrentar os impactos psicológicos e emocionais da endometriose foi conhecer outras mulheres em situação parecida. Assim, ela se mantém positiva e ao mesmo tempo aceita que a dor fará parte da sua vida.
Convivendo com a infertilidade causada pela endometriose
A Fernanda havia tratado a Síndrome do Ovário Policístico na adolescência e acreditava que seus sintomas de dor e sangramentos que reapareceram depois de anos de casada eram causados pelo retorno do problema. Enquanto isso, ela e o marido tinham dificuldade de realizar o grande sonho de ter um bebê, passando por muitos alarmes falsos e testes negativos.
Depois de muito desconforto com a hemorragias, Fernanda descobriu a endometriose por uma histeroscopia e histerossalpingografia. Infelizmente, a médica que a diagnosticou disse que ela tinha pouquíssimas chances de gerar um filho, o que foi desolador.
Por conta própria, Fernanda pesquisou sobre a Fertilização In Vitro (FIV) e chegou a marcar a primeira consulta. Como de costume, a clínica solicitou um teste Beta HCG para confirmar que a mulher não está grávida antes de iniciar o tratamento hormonal e ela se surpreendeu com um resultado positivo, depois de anos tentando engravidar.
Durante a cesariana, o médico removeu alguns dos focos de endometriose e iniciou um tratamento que visava preservar seu aparelho reprodutor ao máximo para conseguir engravidar novamente. Depois de um ciclo indutor de ovulação, Fernanda ficou grávida do seu segundo filho.
Krishna também sempre teve cólicas e dores de cabeça fortíssimas no período menstrual, mas só foi se preocupar mesmo com o assunto quando se casou e interrompeu o uso de anticoncepcional, para tentar engravidar. Esperou os doze meses recomendados pelos médicos e nada de ter sucesso. Então, fez novos exames e continuou as tentativas. Ainda assim, o positivo não veio.
Depois de ver na televisão algo sobre ressonância da pelve, pediu ao médico para realizar o exame e, finalmente, teve o diagnóstico: endometriose grau IV. Ela foi encaminhada para cirurgia laparoscópica para eliminar os focos da doença e tentar aumentar as chances de engravidar. Porém, mesmo depois de oito meses de tentativas, nada.
O especialista recomendou a FIV para Krishna e ela passou por muitas tentativas frustradas e troca de medicações até finalmente engravidar de gêmeos, mas teve perda gestacional com 8 semanas. No ano seguinte, tentou mais uma transferência de embriões e mais uma vez ela ficou grávida de gêmeos.
Desta vez, ela perdeu um dos embriões, mas o outro deu certo e já é um bebê saudável. Agora, ela está na fila da adoção para ter mais um filho.
Cada paciente é única!
Essas histórias são de mulheres reais que compartilharam suas experiências com a endometriose no intuito de ajudar outras pessoas que estejam passando pelo mesmo. Frequentemente, a doença pode fazer com que a mulher se sinta isolada e incompreendida, mesmo porque são muitos os casos em que o diagnóstico pode demorar anos para ser conclusivo!
Por fim, nem todas as pacientes lidam com esses problemas. Muitas mulheres não sentem dor mesmo com endometriose, mas enfrentam dificuldades para engravidar. Além disso, nem todas as portadoras de endometriose também lidam com a infertilidade. Cada paciente é única!
Se você tem endometriose ou conhece alguém que precisa conhecer histórias como essas, compartilhe esse texto!
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