Anovulação: o que é, qual sua relação com a infertilidade e como tratar
Você tem ciclos menstruais irregulares ou mesmo parou de menstruar por muitos meses, sem estar grávida? Se sim, você pode estar experienciando um quadro de anovulação.
A cada ciclo menstrual, um folículo, estrutura nos ovários que armazena o óvulo, se rompe e libera o gameta para a fecundação.
Entretanto, algumas condições podem dificultar a liberação desse óvulo, o que impede o encontro com o espermatozóide e, consequentemente, impede a gravidez.
Esse distúrbio caracteriza a anovulação e afeta entre 6 a 15% das mulheres. Geralmente, a anovulação é causada pela Síndrome do Ovário Policístico (SOP), mas diversos outros problemas também podem levar à interrupção do processo ovulatório.
A boa notícia é que é possível induzir a ovulação por meio do tratamento médico, de acordo com a causa do problema. Isso possibilita que mulheres com anovulação voltem a liberar os gametas e tenham mais chances de engravidar.
Entendendo o ciclo menstrual
Geralmente, o ciclo menstrual tem a duração de 28 dias, sendo dividido entre três fases: a folicular, ovulatória e a lútea.
Cada fase prepara o corpo feminino para a etapa seguinte. Então, para engravidar naturalmente, é muito importante que elas se desenvolvam corretamente.
A fase folicular se caracteriza pelo recrutamento dos folículos que armazenam os óvulos, fazendo com que um deles aumente de tamanho e amadureça. Isso ocorre graças à atuação do hormônio FSH. Ela começa durante a menstruação.
Inclusive, os folículos recrutados secretam estradiol, hormônio responsável pelo espessamento do endométrio, camada que reveste o útero, preparando-o para receber o embrião.
Em torno do 14º dia do ciclo, se inicia a fase ovulatória, em que o hormônio luteinizante estimula o rompimento do folículo e a liberação do óvulo, que viaja pelas trompas para encontrar o espermatozóide.
Por fim, se inicia a fase lútea, em que o folículo, depois de liberar o óvulo, passa a produzir progesterona, hormônio que, juntamente do estradiol, espessa mais ainda o endométrio, oferecendo o suporte necessário para a gravidez.
Caso a fecundação não ocorra, o folículo, que assumiu a forma de um corpo lúteo, se desfaz, provocando uma queda nos hormônios estrogênio e progesterona, fazendo com que o endométrio descame das paredes uterinas e a mulher finalmente menstrue e o ciclo recomece.
Percebe como a fecundação só pode ocorrer se as outras etapas acontecerem corretamente? Se a mulher não menstruar ou o óvulo não amadurecer e, portanto, não for liberado, todo o ciclo é comprometido e as chances de engravidar caem significativamente.
Causas da anovulação
Geralmente, a anovulação é causada por irregularidades menstruais, com ciclos mais longos do que o normal, maior ou menor quantidade de fluxo menstrual ou até mesmo ausência de menstruação, chamada de amenorréia.
Esses problemas são causados por desequilíbrios hormonais, já que, como explicamos, são essas substâncias que provocam as alterações no sistema reprodutor feminino que levam à cada etapa do ciclo menstrual.
Muitas condições podem motivar esses desequilíbrios hormonais, mas a mais comum é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), caracterizada justamente por alterações nos níveis hormonais que levam a uma série de sintomas como ciclos menstruais irregulares, presença de múltiplos cistos nos ovários, excesso de pelos faciais, acne e também dificuldades para engravidar.
Entretanto, outros fatores também podem contribuir para que o delicado equilíbrio hormonal necessário para um ciclo menstrual regular seja afetado, como estar com o peso abaixo ou acima do recomendado.
Problemas na hipófise, que secreta gonadotrofinas, e alterações na glândula da tireoide, tanto o hipotireoidismo e o hipertireoidismo também podem ser responsáveis pela anovulação, já que os hormônio tireoidianos também agem estimulando o desenvolvimento e amadurecimento dos folículos.
Por fim, a falência ovariana prematura (conhecida popularmente como menopausa precoce) também leva, naturalmente, à anovulação.
Tratamento para anovulação
O tratamento para a anovulação vai depender da causa do problema. Por exemplo, mulheres abaixo do peso podem iniciar um trabalho com nutricionista para restabelecer uma composição corporal saudável e ter um ciclo mais regular.
O mesmo vale para aquelas com excesso de peso, que vão buscar emagrecer para estabilizar os níveis hormonais e, consequentemente, o ciclo menstrual.
Entretanto, o principal tratamento, voltado para quem quer engravidar de imediato ou preservar a fertilidade, é a estimulação ovariana. Nesse procedimento, utilizamos medicamentos hormonais semelhantes aos naturais no início do ciclo menstrual, acompanhando o desenvolvimento por ultrassonografia.
Assim, vamos saber o momento ideal de administrar a última dose de medicamentos, que leva ao amadurecimento de mais de um óvulo e sua liberação dos folículos.
O que acontece depois vai depender do nível de fertilidade, planejamento e desejo de cada tentante. Quem quer engravidar imediatamente pode ter relações sexuais programadas, fazer inseminação intrauterina ou uma Fertilização In Vitro (FIV), sendo esta última o procedimento mais complexo.
Se a mulher quer apenas preservar a fertilidade para engravidar em outro momento, ela pode fazer a criopreservação dos óvulos, em que os gametas são congelados para serem utilizados em outro momento.