O que você precisa saber sobre a Coleta de Óvulos
Seja para adiar a gravidez, ajudar casais homoafetivos a terem seus filhos biológicos ou permitir que casais hétero superem algum problema de fertilidade, a coleta de óvulos é uma das mais importantes etapas dos procedimentos de reprodução humana assistida.
A pandemia te fez adiar a gravidez? Considere congelar seus óvulos
Muita gente reconsiderou o seu planejamento familiar depois da pandemia. A sensação de incerteza, a insegurança econômica e o próprio medo de contrair coronavírus durante a gravidez fez com que muitas mulheres adiassem a gestação.
Mesmo com a vacinação em andamento, a sensação de insegurança ainda é grande para muitas mulheres, principalmente aquelas que não têm previsão de quando serão vacinadas.
Na verdade, a própria Sociedade Brasileira de Reprodução Humana sugeriu que mulheres com menos de 35 anos e com boa reserva ovariana adiem a gravidez, já que gestantes são consideradas grupos de risco para a doença.
Aquelas com mais de 35 anos ou com reserva ovariana reduzida podem tentar engravidar, mantendo o máximo de cuidado para não contrair a doença. Entretanto, caso não se sintam seguras para conceber durante a pandemia, a Sociedade recomendou esperar a vacinação que, felizmente, já está disponível para grávidas, ou considerar a possibilidade de congelamento de óvulos.
Afinal, esse método de preservação da fertilidade possibilita adiar a gravidez sem precisar se preocupar com a perda natural da reserva ovariana.
Como funciona o congelamento de óvulos
O congelamento de óvulos é uma técnica segura e altamente tecnológica em que, após um ciclo de estimulação ovariana, coletamos os gametas femininos maduros e iniciamos um processo de criopreservação.
Os óvulos recebem uma aplicação de nitrogênio líquido, congelando as amostras em até -196º C, que não danifica a estrutura dos óvulos e nem seu material genético.
Depois, quando a mulher quiser engravidar, o óvulo é descongelado e passa por uma Fertilização In Vitro, com o esperma do parceiro da mulher ou de um doador anônimo. Depois que o embrião se desenvolver em laboratório por alguns dias, ele poderá ser transferido para o útero.
O congelamento de óvulos tem prazo?
No momento, as grávidas e puérperas já estão recebendo a vacina contra a Covid-19, e muitas já deram à luz a bebês que já contam com anticorpos contra a doença. Entretanto, muitas mulheres seguem inseguras a respeito de engravidar nesse momento, principalmente aquelas que estão longe da família e que gostariam de contar com uma rede de apoio maior durante a gestação.
A boa notícia é que, em teoria, um óvulo pode continuar congelado por tempo indefinido, de maneira que a mulher não precisa se preocupar se, por algum motivo, não conseguir realizar a FIV logo depois do fim da pandemia de Covid-19.
Entretanto, precisamos ressaltar que não existem garantias de que a FIV será bem sucedida, e isso também vale quando o óvulo nunca foi congelado. É importante que a paciente tome a decisão de congelar os seus gametas de maneira informada, pesando os prós e contras desse tratamento.
Por outro lado, as chances de sucesso da FIV, na grande maioria dos casos, são maiores do que as de uma gravidez natural, lembrando que a qualidade do esperma utilizado também impacta o procedimento.
Para além de ajudar mulheres com problemas de fertilidade a realizar o sonho da maternidade, a reprodução assistida oferece a possibilidade de escolher ser mãe no melhor momento para cada pessoa. Uma vantagem que, sem dúvidas, se destaca em tempos de incerteza!
Se você tem alguma dúvida sobre o congelamento de óvulos, deixe aqui nos comentários! Será um prazer te ajudar!
Reserva ovariana: o que é e como preservar
Quando começamos a investigar o status de fertilidade de uma mulher, um dos primeiros fatores que precisamos levar em consideração é a sua reserva ovariana. Trata-se da quantidade de óvulos disponíveis para amadurecerem e serem liberados durante o ciclo menstrual.
As mulheres nascem com aproximadamente 2 milhões de óvulos e vão perdendo cerca de mil a cada menstruação, de maneira que, ainda na adolescência, costuma sobrar apenas cerca de um terço dos gametas femininos.
Quanto mais o tempo passa, menor é a quantidade de óvulos disponíveis, um processo natural e impossível de se evitar.
É por isso que fica mais difícil engravidar após os 35 anos, quando os óvulos disponíveis são poucos e podem conter erros genéticos causadores de síndromes, má-formações e abortos espontâneos. Ao chegar ao fim da reserva ovariana e a mulher ter a sua última menstruação, dizemos que ela entrou em menopausa.
Entretanto, são muitas as mulheres que descobrem o comprometimento da sua reserva após tentarem engravidar naturalmente por pelo menos um ano, sem obter sucesso. Elas procuram a reprodução humana assistida e realizam uma série de exames, entre eles o anti mulleriano, que rastreia, no sangue, a quantidade do hormônio HAM.
Essa substância é produzida pelos ovários, mais precisamente pelas células da granulosa dos folículos que abrigam cada óvulo. Se estiver em baixa, quer dizer que a reserva ovariana da mulher está diminuída.
Fatores que impactam a reserva ovariana
Apesar de não poder impedir que a reserva ovariana se esgote algum dia, é sim possível adotar algumas atitudes para que a mulher mantenha seus óvulos saudáveis por mais tempo.
Basicamente, é fundamental levar uma vida saudável, evitar o tabagismo, café e álcool em excesso, mantendo uma dieta equilibrada com quantidades adequadas de ácido fólico, vitamina D e ômega 3. Atividade física e manejo de stress também são fundamentais para diminuir a velocidade da perda dos óvulos.
Há, também, casos em que a mulher tem insuficiência ovariana prematura, também conhecida como menopausa precoce, caracterizada pela diminuição drástica na quantidade de óvulos, causando amenorreia antes mesmo dos 40 anos.
Geralmente, é difícil dizer a causa do problema, mas acredita-se que pode estar ligado a doenças autoimunes ou genética. É possível lidar com a menopausa precoce com terapia de reposição hormonal, obtenção de gravidez ainda jovem, tratamento de doenças associadas ou preservação da fertilidade com a reprodução assistida.
Preservando a reserva ovariana com a reprodução assistida
É importante lembrar que, para que uma mulher engravide, ela só precisa que um óvulo saudável seja fecundado. Para quem está com a reserva ovariana baixa e quer engravidar imediatamente, esse pode não ser um problema.
Entretanto, o que acontece com as mulheres que não desejam ou não podem engravidar enquanto possuem uma reserva ovariana suficiente para ter uma ou mais gestações?
Nesses casos, a melhor estratégia é o congelamento de óvulos, a criopreservação. Nesse procedimento, a mulher é submetida, inicialmente, à estimulação ovariana e em seguida à coleta dos óvulos. Depois, esse material coletado recebe uma aplicação de nitrogênio líquido, que congela as amostras a temperaturas que chegam a -196ºC. Assim, mantemos todas as propriedades dos gametas.
Idealmente, o congelamento de óvulos deve ser feito antes dos 35 anos, para garantir uma boa quantidade e qualidade desses gametas, mas nada impede que a mulher passe por esse processo mais tarde, caso queira postergar ainda mais a gravidez.
Entretanto, como explicamos, as chances de problemas com a qualidade dos óvulos são maiores após os 35.