Desde 2008 os dados referentes aos materiais manipulados em clínicas de Reprodução Humana Assistida (RHA), tecnicamente chamadas de Bancos de Células e Tecidos Germinativos (BCTG), são registrados no Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio).
A sua atualização anual permite saber, entre outras coisas, a quantidade de elementos extraídos nos procedimentos de reprodução assistida e avaliar a qualidade do serviço.
O relatório mostra que, em sua última revisão, no ano de 2019, 85,8% dos centros de reprodução cadastrados pela Anvisa compartilharam seus dados para a elaboração do documento, ou seja, 157 de um universo de 183.
Vamos conhecer melhor o que esse relatório revelou?
O crescimento da quantidade ciclos de fertilização in vitro realizados em um ano
O decurso que compreende a estimulação ovariana até a captação de oócitos é chamado de ciclo de fertilização in vitro, sendo este um dos indicadores que apresentou aumento. Ele saltou de 43.098 em 2018 para 43.956 em 2019, representando um incremento de 2%.
Do ponto de vista profissional, esses dados acompanham os avanços tecnológicos na área e maior qualificação técnica. Já em relação aos usuários, podem corroborar com o aumento da confiança e da procura por procedimentos de reversão da infertilidade ou de preservação da fertilidade.
Aumento no número de embriões criopreservados
No referido ano, foram congelados 99.112 embriões, o que representa um acréscimo de 11,6% comparado ao ano anterior. Deste total, 71% foram contabilizados somente na região sudeste, que, não coincidentemente, é a que possui o maior número de estabelecimentos com esta finalidade.
Embriões transferidos, doados e descartados
Os embriões criopreservados podem tomar três destinos: a transferência, doação ou descarte. A doação, que se refere à cessão de embriões para instituições que realizam pesquisas com células-tronco embrionárias, registrou 22 casos.
Já a transferência tem a ver com a implantação do embrião no útero e foi realizada 25.210 vezes naquele ano.
E o descarte acontece quando é constatada a inviabilidade à vida, contabilizando 81.437 registros.
Taxa de fertilização revela a qualidade dos processos
A literatura internacional sugere como parâmetro de qualidade que, no mínimo, 65% dos óvulos inseminados devem ser fecundados. E, nesse quesito, o Brasil se saiu muito bem, apresentando uma taxa constante de 76%.
Os eventos citados acima se relacionam com a capacidade do laboratório, que inclui a preparação do ambiente para a realização dos procedimentos e adequado manuseio de materiais e instrumentos, assim como a capacitação para a sua manipulação; e subsidiam a padronização dos processos realizados nos BCTGs.
Mas vale lembrar, segundo informações da Anvisa, que a faixa etária, a técnica de fertilização empregada e os fatores de infertilidade dos pacientes atendidos pela clínica são aspectos que interferem na efetividade do tratamento.
Portanto, não necessariamente desvios na média serão indicativos de problemas no serviço.
O relatório corrobora, portanto, com a percepção de que os centros de reprodução humana estão cada vez melhor preparados e que os pacientes conhecem mais e recorrem mais às técnicas oferecidas por eles.