Uma em cada oito mulheres apresenta problemas na tireoide, e eles podem impactar significativamente a saúde feminina, inclusive a capacidade de engravidar e conduzir uma gestação saudável.
Isso ocorre porque a tireóide produz dois hormônios diferentes, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). O T4 é considerado um maestro do metabolismo, ou seja, diversos problemas podem aparecer quando seus níveis estão fora do que é considerado normal.
Como o processo de ovulação é complexo e necessita de um equilíbrio metabólico específico para acontecer normalmente e ser bem sucedido, alterações no funcionamento da tireoide podem sim acabar afetando seriamente a fertilidade da mulher.
Quando o T4 é produzido em excesso, temos um quadro de hipertireoidismo, o que acelera muito o metabolismo da paciente. Já quando os níveis desse hormônio caem, temos um quadro de hipotireoidismo, que faz com que o metabolismo fique muito mais lento.
Sem o tratamento adequado, ambas as condições podem acabar prejudicando a fertilidade da mulher
Problemas na tireoide têm impacto indireto na fertilidade
As gonadotrofinas, hormônios produzidos pela hipófise responsáveis pela ovulação, também interagem com o T4, de maneira que esse desequilíbrio na tireoide pode influenciar a ovulação e o seguimento da gravidez.
Como falamos, quem tem hipertireoidismo fica com o metabolismo muito acelerado, o que aumenta, também, a atividade dos ovários. Assim, o ciclo menstrual fica irregular e, portanto, a ovulação fica comprometida.
Isso diminui as chances da mulher engravidar, mas não impede a concepção. Esse é só mais um motivo para que essa gestação seja acompanhada pelo médico: as alterações metabólicas causadas pelos níveis inadequados de hormônios da tireoide e dos hormônios sexuais também podem colocar o feto em risco.
Já um quadro de hipotireoidismo pode fazer com que o óvulo seja liberado fora da fase adequada ou mesmo impedi-la completamente, causando anovulação. Sem a liberação do óvulo de seu folículo, a fecundação se torna impossível e a mulher não consegue engravidar.
Ainda que a mulher consiga ficar grávida com níveis baixos do hormônio T4, o hipotireoidismo aumenta os riscos de abortamento, mortalidade intrauterina, descolamento da placenta e nascimento prematuro.
Durante a gravidez, os hormônios da tireoide são fundamentais para a manutenção da gestação e, inclusive, parte do T4 é transferida para o feto por meio da placenta.
Diagnosticando problemas na tireoide
Mesmo trazendo consequências tão sérias para quem planeja ter filhos biológicos, os problemas na tireóide são bem simples de diagnosticar.
Um exame de sangue para rastreio dos níveis de TSH e se necessário , outros exames como anticorpos antitireoidianos, T3 e T4, são capazes de apontar se a paciente possui um quadro de hipertireoidismo ou hipotireoidismo, e, se for necessário, um ultrassom poderá ser realizado.
As doenças da tireoide costumam se manifestar mais comumente entre os 30 e 40 anos, faixa etária em que muitas mulheres procuram tratamentos de fertilidade porque tentaram engravidar sem sucesso.
Por isso, não é incomum que a reprodução assistida envolva o controle dos hormônios da tireoide nestes casos, para aumentar as chances de concepção e também garantir que a mãe e o bebê vão ter uma gestação saudável.