Como já sabemos, a estimulação ovariana é uma das fases da fertilização in vitro (FiV). Nesta etapa, o objetivo é produzir o maior número possível de folículos e, por consequência, extrair a maior quantidade possível de óvulos maduros.
Para induzir a maturação oocitária, podem ser empregadas duas substâncias: a gonadotrofina coriônica humana (hCG) e o agonista do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH).
Vamos entender o que é o gatilho (ou trigger) nesta etapa e o que é o protocolo duplo gatilho ou double trigger?
O gatilho para a maturação dos óvulos
A estimulação ovariana imita o ciclo natural realizado pelo organismo, mas, nas técnicas de reprodução assistida, esses processos são potencializados para promover maior quantidade e qualidade de gametas.
Inicialmente, são aplicadas injeções do hormônio folículo-estimulante (FSH), que tem a função de induzir o crescimento dos folículos (bolsas que armazenam os óvulos), além da produção de estradiol por essas estruturas.
Graus elevados de estradiol, por sua vez, fazem com que o hormônio luteinizante (LH), produzido na hipófise, atinja seu pico. Esse pico é o que chamamos de gatilho, já que, a partir dele, se inicia a maturação do oócito.
Como há o bloqueio da hipófise, para evitar a liberação precoce de óvulos, o pico de LH é simulado artificialmente no momento oportuno para a coleta.
Essa ocasião é determinada pelos exames periódicos de ultrassom, que, ao constatar uma certa quantidade de folículos maiores que 17mm, indicam a viabilidade para o gatilho.
Entre 34 a 36 horas depois dessa indução, os gametas estarão prontos para serem captados. Do montante extraído, espera-se que, ao menos, 80% tenha amadurecido.
Agora, vamos saber como agem as substâncias promotoras desse gatilho?
O hCG como estimulante da maturação oocitatória
O hCG é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo da mulher durante a gestação, mas ele também pode ser injetado artificialmente durante o emprego de técnicas de reprodução assistida.
É ele quem vai substituir a função do pico de LH. Porém, essa indução artificial associada a um grande número de folículos em crescimento pode provocar a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO).
A propensão para isso acontecer vai depender das características pessoais de cada paciente, assim como das particularidades do ciclo. Mas, mesmo quando essa tendência é identificada, nem tudo está perdido.
Então, vamos conhecer uma segunda opção para as situações em que esse protocolo se torna inviável.
O uso do agonista do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH)
Quando há contra-indicações à utilização do hCG, a saída pode ser o emprego do agonista de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas), que incita a hipófise a produzir o hormônio LH.
A secreção aguda de LH, a partir desse método, é suficiente para o oócito completar a sua maturação, mas não o bastante para prosseguir com a gestação. Portanto, ao valer-se desse recurso, a recomendação é que seja feita a criopreservação dos gametas ou embriões.
O uso destes dois métodos já está bem estabelecido. Mas, como já dito anteriormente, eles podem trabalhar conjuntamente. Vamos entender as vantagens disso?
O duplo gatilho ou double trigger
Há casos em que o uso dissociado desses dois protocolos não é o suficiente para alcançar a maturação oocitária necessária.
Nessas situações, pode ser indicada a combinação dessas duas técnicas, sendo chamada de duplo gatilho ou double trigger.
Pacientes com antecedentes de muitos óvulos imaturos ou que apresentam boa quantidade de folículos desenvolvidos, mas pouca disponibilidade de óvulos, chamada de síndrome do folículo vazio, podem se beneficiar dessa união de estímulos.
Vale ressaltar que a viabilidade desse recurso e a dosagem das medicações vão depender da avaliação clínica de cada paciente.