O câncer é uma das doenças mais difíceis de lidar. Em alguns casos, o tratamento é longo, debilitante, provoca impactos na rotina por causa das sessões e ainda tem o risco de óbito.
Contudo, certos efeitos colaterais dos tratamentos de tumores malignos podem ser prevenidos, como a infertilidade.
Como esse assunto já foi abordado no caso das mulheres, vamos, agora, entender melhor como isso se dá entre os homens.
Por que um homem pode ficar infértil ao tratar de um câncer?
O câncer pode ser tratado de três formas: quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.
Na primeira forma, a medicação ministrada ataca as células de divisão rápida, como as cancerígenas. Porém, as células reprodutivas têm essa mesma característica. Sendo assim, o medicamento não diferencia as células prejudiciais daquelas que não são e as duas acabam sendo atingidas.
Como consequência, funções do organismo, como a reprodução, podem ser prejudicadas. O risco para este tipo de dano colateral aumenta mais entre os homens acima de 40 anos.
Já, quando a opção de tratamento é a radioterapia, os gametas podem acabar sendo destruídos pela radiação, principalmente, quando o alvo é a região pélvica e proximidades.
Outra possibilidade é quando a radiação atinge a área cerebral, onde se encontram o hipotálamo e glândula pituitária, responsáveis por sintetizar os hormônios FHS e LH, que, por sua vez, são fundamentais para a produção dos espermatozoides.
Certos tipos de cirurgias também podem anular a capacidade reprodutiva do homem, por removerem órgãos integrantes ou próximos do sistema reprodutor, ou parte deles. Entre elas estão:
- A orquiectomia bilateral, utilizada quando o câncer já se dissipou pelas duas gônadas masculinas.
- Cistectomia radical, onde são removidos órgãos como a bexiga, a próstata e as vesículas seminais. Esse, geralmente, é um recurso utilizado para o câncer de bexiga.
- Quando o câncer está concentrado na próstata, é realizada a prostatectomia radical para a remoção dessa glândula e das vesículas seminais.
- Intervenção cirúrgica nos linfonodos abdominais, relacionados aos nervos da próstata e das vesículas seminais, os quais são ligados à ejaculação.
Agora que sabemos de que forma o tratamento oncológico pode levar à infertilidade masculina, podemos falar sobre como se precaver deste tipo de sequela.
Como a reprodução assistida pode ajudar na preservação da fertilidade masculina de pacientes oncológicos?
Como se pode imaginar, o tratamento para preservar a fertilidade em homens é bem menos complexo que nas mulheres. Se ele já tiver atingido a puberdade, o processo é feito pela coleta seminal e a criopreservação, ou congelamento, a -196 ºC.
A validade desse material genético criopreservado é indeterminada. E o procedimento de coleta é muito simples: via masturbação. O ideal é que o material seja coletado em vários dias diferentes. Por isso, pode demorar até uma semana para alcançar a quantidade adequada.
Como não há muitas dificuldades relacionadas ao procedimento de criopreservação, a grande questão para esses pacientes é a falta de orientação antes de começar a tratar o câncer.
Por ser uma doença muito desgastante, pacientes e médicos acabam focando apenas na cura e, por vezes, não dão a devida importância para a prevenção de possíveis danos colaterais do tratamento. Por isso, os oncologistas devem alertar sobre as chances de esterilidade de acordo com o protocolo proposto.
Afinal, ainda que o paciente não planeje ter filhos na atualidade, a sua capacidade de ter filhos biológicos não deve ser reduzida ou extirpada sem que antes seja dada a possibilidade de preservar essa função.