Estima-se que 25% das mulheres em idade fértil no Brasil apresentem cistos ovarianos, um crescimento benigno que, quando pequeno, não costuma provocar sintomas e até desaparece com o tempo.
Na verdade, o cisto é uma espécie de bolha envolta por uma fina membrana, contendo ar ou substâncias líquidas ou semilíquidas em seu interior. Nos ovários, os cistos podem ser de vários tipos, sendo os funcionais os mais comuns.
Eles se desenvolvem durante o processo de ovulação quando, ao invés do folículo ovariano se romper para liberar o óvulo, ele permanece intacto e aumenta de tamanho na forma de um cisto. Esse tipo de crescimento não costuma causar problemas de fertilidade para a mulher porque desaparece espontaneamente depois de alguns dias.
Entretanto, em outros casos, os cistos podem sim causar alterações hormonais que dificultam a gravidez.
Quando os cistos impactam a fertilidade da mulher?
Se a grande maioria dos cistos não causam infertilidade, em quais situações esses crescimentos podem prejudicar as chances de uma mulher engravidar? Geralmente, isso ocorre quando os cistos estão associados ou são sintomas de outras doenças que comprometem a fertilidade feminina.
É o caso dos endometriomas, cistos causados pela endometriose. Essa doença é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, podendo causar o desenvolvimento de cistos ovarianos cheios de sangue.
Os endometriomas costumam ser dolorosos, principalmente próximo à menstruação. Quando se rompem, causam intensa dor abdominal e febre baixa.
Ainda não foi possível definir o mecanismo exato pelo qual o endometrioma causa infertilidade, mas a endometriose, em si, pode impactar seriamente as chances de uma mulher engravidar. Estima-se que 40% dos casos de infertilidade feminina estão associados à doença porque o tecido endometrial ectópico pode causar inflamações e até distorções anatômicas nos ovários.
Outra condição associada a cistos e infertilidade é a Síndrome dos Ovários Policísticos, desequilíbrio hormonal que acarreta o crescimento de pequenos e múltiplos cistos ovarianos. Entretanto, não são esses crescimentos, em si que, causam a fertilidade, mas sim o os óvulos de mulheres com SOP não amadurecem o suficiente para possibilitar a ovulação , configurando um quadro de anovulação.
Preservando a fertilidade apesar dos cistos
Enquanto a endometriose prejudica a reserva ovariana da mulher, a SOP impede a ovulação, dificultando as chances da mulher engravidar. Entretanto, a reprodução assistida tem possibilitado que muitas mulheres portadoras dessas condições realizem o sonho da maternidade.
Ou seja, para aquelas com endometriose, a preocupação principal é preservar óvulos maduros ou embriões no período reprodutivo. Para isso, os ovários são hiperestimulados com hormônios, para depois coletarmos os óvulos em laboratório. Os gametas podem ser congelados imediatamente ou fecundados, para congelamento do embrião.
Já no caso de mulheres com síndrome do ovário policístico, é mais indicado, primeiro, induzir a ovulação com medicamentos, com acompanhamento médico e uso do coito programado, em que o casal tem relações sexuais nos dias com maior possibilidade da mulher engravidar.
Caso esse método não seja bem-sucedido, a inseminação artificial intrauterina ou a Fertilização in Vitro poderão ser recomendadas. Em pacientes com SOP, a FIV é especialmente indicada quando os exames apontam as outras dificuldades para engravidar além da ovulação comprometida.