
Você não está sozinha: vamos conversar sobre os impactos da infertilidade?
Lidar com a infertilidade traz grandes impactos emocionais e sociais para as mulheres que desejam ser mãe. As tentativas frustradas de conceber naturalmente, muitas vezes seguidas por falhas no tratamento de infertilidade, podem causar sentimentos de desesperança, fracasso e vergonha.
Apesar das dificuldades, essas mulheres persistem no sonho de se tornarem mães biológicas, enfrentando cotidianamente outros problemas gerados, justamente, pela dificuldade de engravidar.
Como esse é um tema delicado e muito íntimo, é comum que as tentantes se sintam sozinhas, compartilhando suas angústias, em alguns casos, em grupos privados nas redes sociais.
Afinal, nem sempre elas encontram no relacionamento, família ou amigos o apoio necessário para passar por essas situações. Justamente por isso, queremos comentar alguns dos dilemas enfrentados por mulheres tentantes, inférteis, numa tentativa de diminuir o estigma em torno do assunto e deixar claro para nossas pacientes que elas não estão sozinhas!
Apoio social e familiar para enfrentar a infertilidade
Compreendendo as dinâmicas do círculo social da tentante, podemos perceber como a presença ou ausência de apoio impacta a sua saúde emocional.
Para as mulheres casadas em relações heterossexuais, o marido pode servir tanto como um apoio durante o tratamento quanto também pode ser gravemente afetado pela própria infertilidade.
Não são raros os casos em que a tentante, além de lidar com sua própria angústia, precisa também apoiar o marido, que pode duvidar da própria masculinidade. Muitos também se frustram com os custos financeiros e sustentam o pensamento de que precisam ser pais de qualquer jeito.
Na relação familiar, muitas tentantes se sentem pressionadas pelos pais e irmãos para ter um filho, enquanto outras percebem que a família já não incentiva as tentativas de gravidez. Muitos familiares sugerem que a tentante desista do sonho de ser mãe, enquanto outros, infelizmente, encaram a mulher de maneira negativa pelas dificuldades em engravidar.
Também não é incomum que os amigos da tentante não compreendam o seu desejo de engravidar mesmo depois de muitas tentativas frustradas. Tudo isso tende a fazer com que a paciente se sinta envergonhada e isolada daqueles que ama.
No trabalho, o grande número de consultas necessárias para a investigação da causa da infertilidade, bem como o tratamento em si pode ser um empecilho. Algumas mulheres, infelizmente, relatam piadas e ironias por parte de superiores e colegas devido ao número de atestados médicos apresentados.
Reforçamos, inclusive, que a infertilidade é reconhecida como enfermidade pela OMS e portanto a paciente tem direito a atestados médicos e sigilo para realizar o tratamento
Sentimento de fracasso, impotência e falta de propósito
Para a maioria dos casais, ter filhos é uma parte fundamental dos planos de vida. Encarar as tentativas frustradas de engravidar e ver esse projeto conjunto não tomar forma, traz grandes impactos tanto para a mulher quanto para a vida conjugal como um todo.
Muitas tentantes se sentem menos mulheres por não conseguirem engravidar ou sentem que a cada tentativa que não dá certo, perderam algo que nunca tiveram. São sentimentos complexos, parecidos com o luto, e que muitas vezes podem ser de difícil compreensão até mesmo para a própria mulher.
A infertilidade também traz dificuldades para os casais, que tendem a passar por períodos difíceis quando a tentativa de gravidez não deu certo. Por um lado, um apoia o outro no momento difícil, por outro, eles podem achar difícil dar espaço à tristeza por sentirem que precisam ser fortes para motivar o (a) companheiro (a).
Além disso, nos casais heterossexuais, o sentimento de cobrança pode acabar afetando a rotina conjugal. O sexo, que antes era um momento de intimidade, conexão e prazer para para o casal, passa a se tornar uma tarefa atrelada a sentimentos como esperança, medo e decepção e falta de propósito.
Além disso, quando o coito é programado, a perda da espontaneidade também tem efeitos sobre a libido e muitos casais sentem que a vida íntima já não é mais tão boa quanto antigamente.
Esperança, apesar de tudo
O processo de reprodução assistida não é capaz de garantir que a mulher irá engravidar. Entretanto, as tecnologias utilizadas estão cada vez mais avançadas e, as chances de sucesso com a Fertilização In Vitro (FIV) maior do que na concepção natural, lembrando que são muitos os fatores envolvidos no sucesso da implantação do embrião.
Para muitas mulheres que passaram por tentativas frustradas, é difícil explicar de onde vem a esperança de que vão conseguir engravidar, e sem dúvidas cada um dos motivos pessoais dessas pacientes são válidos e merecem ser respeitados.
Nesse sentido, é dever da equipe que acompanha o casal ou mulher tentante compreender todas essas questões e acolhê-la dentro do que for possível para que o tratamento de reprodução assistida seja sempre humanizado e empático.
Se você gostou desse texto, deixe um comentário contando a sua história. Com certeza outras mulheres vão se identificar e encontrar, na sua jornada, um pouco de acolhimento!
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Doença inflamatória pélvica pode prejudicar as chances de gravidez em até 29%
A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é uma inflamação que, na maioria dos casos, se origina a partir de uma infecção vaginal que progrediu, afetando o útero, as trompas e outras regiões da pelve. Infelizmente, uma em cada quatro mulheres com esse problema vão ter sequelas a longo prazo. Uma delas pode ser a infertilidade.
Causas da doença inflamatória pélvica
A vagina possui uma flora bacteriana natural que protege a região de outros tipos de bactérias ao criar um ecossistema muito específico. Quando o canal vaginal é infectado por bactérias sexualmente transmissíveis, como a clamídia e a gonorreia, essa barreira protetora é derrubada e os demais órgãos do aparelho reprodutor feminino ficam vulneráveis a essa infecção. .
Como nem todas as pessoas que contraem essas doenças desenvolvem DIP, outros fatores de risco estão envolvidos, como já ter tido o problema antes, ter menos de 25 anos, vida sexual ativa com muitos parceiros e não usar preservativo.
O diagnóstico da doença nem sempre é fácil, pois a maioria das pacientes evoluem com sintomassutis. Pouca dor, febre baixa e corrimento discreto, muitas vezes, não levam a mulher a procurar orientação médica. Por isso, estima-se que até 60% dos casos de DIP sejam subclínicos.
Um dado preocupante principalmente se considerarmos que sintomas brandos não indicam que a doença seja inofensiva: esse estado inflamatório pode ter como consequência a lesão das trompas e do útero, o que pode levar à infertilidade.
Infertilidade e doença inflamatória pélvica
Muitas vezes, a DIP é diagnosticada muito tempo depois da infecção aguda, quando a mulher procura ajuda médica porque está tendo dificuldades para engravidar.
Pacientes com danos leves causados pela doença têm 3% de chance de ter problemas de fertilidade no futuro, enquanto danos moderados e graves aumentam os riscos em 13% e 29%, respectivamente.
Essas lesões ocorrem porque a invasão das bactérias podem causar alterações morfológicas nas trompas uterinas, estruturas o óvulo percorre até ser fecundado por um espermatozoide, desde a sua maturação até o útero. Com o bloqueio dessa passagem, os gametas não poderão se encontrar e a gravidez não ocorre.
Em algumas situações, a passagem não fica totalmente bloqueada e o espermatozóide pode encontrar o óvulo nas trompas, o que implica num risco elevado de gravidez ectópica. Nesses casos, infelizmente, não teremos opção a não ser interromper a gestação.
Quando falamos em doença inflamatória pélvica, algumas medidas devem ser adotadas para prevenir a infertilidade: prevenção por meio do uso de preservativos, realização de exames anuais para identificar a presença de ISTs e, caso os sintomas de DIP sejam notados, a paciente deve buscar ajuda médica para tratamento adequado.
Os danos causados pela DIP nas trompas e ovários não são reversíveis. Nesse sentido, a fertilização in vitro pode ajudar pacientes que lidam com a infertilidade como consequência da doença.
Afinal, esse método vai justamente anular a necessidade do óvulo viajar pelo sistema reprodutor feminino, já que é coletado diretamente dos ovários e fertilizado em laboratório. Além disso, a FIV diminui as chances de gravidez ectópica para mulheres que lidaram com a doença inflamatória pélvica.
Inclusive, vale ressaltar que o tratamento para fertilidade só poderá ser realizado depois que a inflamação for tratada adequadamente.
Ficou alguma dúvida sobre esse assunto? Se sim, pode deixar nos comentários!
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Método ROPA possibilita que mulheres em união homoafetiva tenham papel ativo na maternidade
O método ROPA é uma técnica de reprodução assistida capaz de possibilitar que as duas mulheres numa união homoafetiva tenham um papel ativo no processo de Fertilização In Vitro. Trata-se de uma sigla que significa Reception of Oocytes from the Partner, ou Recepção de Oócitos da Parceira, em português.
Com essa técnica, uma mulher é a mãe genética, ao prover o óvulo utilizado no processo, e a outra é a mãe biológica, já que vai passar pela gestação. Ou seja, uma contribui com o gameta, e outra com o útero para prosseguir com a gestação.
Para quem o ROPA é indicada
O método ROPA é indicado para casais homoafetivos femininos que querem compartilhar a maternidade e o processo de reprodução assistida de maneira ativa, seja por escolha ou em decorrência de algum problema de saúde em alguma das mulheres. Algumas situações em que a utilização do material genético e útero de mulheres diferentes podem ser indicadas são as seguintes:
- Óvulos de má qualidade
- Fim da reserva ovariana
- Disfunção ovariana grave
- Risco de transmissão de doenças infecciosas
- Anormalidades cromossômicas ou genéticas
- Falha em outros procedimentos de fertilidade
Como é o processo do ROPA
A mulher que contribuir com os óvulos irá passar pelo mesmo processo que qualquer outra tentante da Fertilização In Vitro.
Primeiro, ela passará pela estimulação ovariana, em que vamos utilizar hormônios para maturar os folículos e, depois de alguns dias de acompanhamento com ultrassom e exames de sangue, obter vários oócitos.
Se estiver tudo certo, vamos coletar os óvulos e, em laboratório, fecundá-los com o esperma de um doador e desenvolver múltiplos embriões.
Enquanto isso, a mulher que vai receber o embrião já iniciou o seu tratamento para preparar o útero e aumentar as chances de implantação. Para isso, administramos hormônios como estrogênio e progesterona, que vão ajudar a engrossar o endométrio.
Assim que o útero estiver em boas condições para implantação, selecionamos o melhor embrião para ser transferido para a cavidade uterina. Aproximadamente quinze dias depois, realizamos um teste beta-hCG para confirmar a gestação.
E o registro do bebê, como fica?
Seja com o método ROPA ou a Fertilização In Vitro tradicional, o Conselho Nacional de Justiça garante que filhos gerados por meio de técnicas de reprodução assistida sejam registrados pelas duas mães no Cartório, sem demais problemas. A única diferença é que os campos de “pai” e “mãe” são trocados por “filiação”.
Entretanto, precisamos ressaltar que para além de seu uso em casos específicos, a ROPA é um recurso que ajuda os casais homoafetivos a aprofundar o processo de reprodução assistida, mas seja qual for a técnica utilizada, o bebê de um casal de mulheres é filho de ambas.
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Reprodução humana assistida para casais sorodiscordantes
Casais sorodiscordantes são aqueles em que um dos parceiros tem uma doença infectocontagiosa que pode ser transmitida sexualmente. Para esses casais, a reprodução natural é desaconselhada porque o sexo sem preservativo poderia infectar a pessoa que não tem a doença e também transmiti-la para o bebê.
Geralmente, estamos falando de Hepatite B e C, HIV ou do vírus HTLV, causador de enfermidades do sistema neurológico. Até o advento da reprodução humana assistida, as chances de ter um bebê naturalmente sem infectar o parceiro ou transmitir a doença para a criança era praticamente nula. Porém, agora, casais sorodiscordantes podem ter filhos de maneira segura.
O processo de reprodução assistida para casais sorodiscordantes
O primeiro passo para o casal sorodiscordante ter filhos é ser acompanhado por um médico infectologista, responsável por solicitar e analisar exames que vão avaliar a carga viral do casal, dosagem de células de defesa e outros fatores.
Além disso, eles vão passar por todos os exames que qualquer outro casal em tratamento de fertilidade também costuma realizar, para que possamos identificar e tratar possíveis anomalias que interfiram na fertilidade masculina e feminina.
No mais, as intervenções podem ser diferentes dependendo de quem é o portador da doença infecciosa:
Homem infectado e mulher não infectada
Quando o homem é a pessoa infectada do casal, vamos analisar a carga viral do sêmen, prepará-lo e tratá-lo com uma lavagem seminal, para isolar todos os espermatozóides livres de contaminação. Esses serão os utilizados num processo de inseminação artificial ou de Fertilização In Vitro e a mulher poderá utilizar medicações profiláticas para evitar a contaminação por HIV, se necessário.
Mulher infectada e homem não infectado
Quando a mulher é a pessoa infectada do casal, há uma preocupação a mais: a transmissão vertical, da mãe para o bebê durante a gestação ou nascimento. Para evitá-la, vamos analisar a sua carga viral.
Se for baixa, podemos usar medicamentos e, no caso da hepatite, utilizar vacinas para tornar a gestação mais segura. Já para evitar a contaminação por HIV, o parto natural poderá ser contraindicado, bem como a amamentação.
FIV ou inseminação artificial para casais sorodiscordantes?
A decisão entre Fertilização in Vitro ou a inseminação artificial para casais sorodiscordantes vai depender do status de fertilidade do casal. Nesse sentido, não importa quem é o portador da doença, mas sim outros problemas de fertilidade que o casal possa estar enfrentando.
Vale ressaltar, também, que o tratamento para HIV e Hepatite pode ter efeitos negativos sobre a fertilidade masculina e feminina, e que ser portador de algum desses vírus não impede a pessoa de ter outros problemas de saúde que dificultam uma gravidez natural.
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Doença renal crônica e fertilidade: entenda a relação
A doença renal crônica (DRC) é a diminuição lenta e progressiva da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. Esse problema é irreversível e, na maioria dos casos, é causado por outras enfermidades, como diabetes e hipertensão, mas também pode estar associado a fatores genéticos.
Infelizmente, uma das consequências da doença pode ser a infertilidade, já que a conexão entre a glândula pituitária (hipófise), o hipotálamo e as gônadas (ovários e testículos) fica comprometida com a progressão da DRC e o tratamento.
Considerando que uma parcela significativa dos portadores da doença ainda está em idade reprodutiva, essa questão deve ser trazida pela equipe médica para que a paciente possa fazer um planejamento familiar que considere sua realidade.
Como a doença renal crônica causa infertilidade
A diálise peritoneal e a hemodiálise são parte do tratamento de qualquer pessoa com doença renal crônica, e, nas mulheres, esses procedimentos podem causar anemia, o que leva a alterações hormonais que impactam o ciclo menstrual e consequentemente, a ovulação.
Estima-se que aproximadamente 10% das mulheres com DRC têm ciclos regulares, 40% possuem ciclos irregulares e 50% sequer ovulam. Ou seja, as chances de gravidez existem para mulheres portadoras da doença, mas em alguns casos, a gestação só será possível com a reprodução assistida.
Em todos esses casos, o desafio, entretanto, será lidar com uma gestação de risco, com chances maiores de pré-eclâmpsia, desenvolvimento fetal prejudicado, nascimento prematuro e agravamento da insuficiência renal e pressão arterial da mãe.
Para uma mulher com DRC engravidar com saúde é necessário um acompanhamento intensivo da equipe médica, com medicação (inclusive, para controlar a hipertensão), hemodiálise, se necessário, e dieta rigorosa.
Muitas pacientes se beneficiam, também, de um transplante de rim antes de realizar o sonho da maternidade, mas existe o risco de perder o órgão transplantado após a gestação.
Como a reprodução humana assistida pode ajudar mulheres com DRC
Considerando que a grande maioria das mulheres com doença renal crônica não apresenta um ciclo menstrual regular, a tecnologia de reprodução assistida pode ser uma grande aliada, ao induzir a ovulação com medicamentos, por meio da Fertilização In Vitro (FIV) e até mesmo ao preservar a fertilidade das pacientes.
A partir dessa avaliação , a decisão entre o coito programado, inseminação artificial e a FIV será tomada de acordo com as especificidades de cada paciente ou casal.
Uma das vantagens da FIV é a possibilidade de implantar apenas um embrião, já que uma gestação de gêmeos poderia trazer mais riscos ainda para a gestante e os fetos. Além disso, as chances de sucesso dessa técnica são maiores até mesmo do que as de uma gravidez natural!
Já o congelamento de óvulos pode ser uma boa estratégia para mulheres com DRC que ainda não querem ser mães, mas pretendem preservar sua fertilidade e tentar engravidar mais tarde.
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Março amarelo: Mitos e verdades sobre a endometriose
A endometriose é uma condição que afeta aproximadamente 6,5 milhões de mulheres brasileiras e se caracteriza pela presença de células do tecido que reveste o útero, o endométrio, em outros órgãos da região abdominal, como ovários, trompas, bexiga e intestino.
Trata-se de uma doença inflamatória e proliferativa, ou seja, que tende a se expandir com o passar do tempo. Dependendo do grau do problema, a endometriose prejudica muito a qualidade de vida da mulher com dores intensas durante a menstruação e relações sexuais, além de causar problemas de infertilidade.
Infelizmente,a própria natureza complexa da endometriose fizeram com que a doença ficasse cercada de equívocos e mitos, que se tornam verdadeiros obstáculos para que as mulheres recebam ajuda médica adequada.
Para ajudar a conscientizar as mulheres, sejam elas portadoras de endometriose, vamos comentar alguns mitos e verdades sobre a doença. Assim, esperamos contribuir para que mais pessoas conheçam a endometriose e para que mais mulheres possam buscar assistência médica antes que o problema se torne grave. Vamos lá?
Sentir muita dor na menstruação é normal – Mito!
Embora seja normal sentir cólicas no período pré-menstrual ou durante a menstruação, dores que interferem na vida cotidiana ou que se tornam incapacitantes não são normais e precisam de investigação médica.
Mesmo para mulheres com endometriose, a dor não deve ser tida como normal, já que encará-la dessa forma, além de prejudicar a qualidade de vida, afasta a paciente de tratamentos que podem aliviar as dores e prevenir a progressão da doença.
Adolescentes não têm endometriose – Mito!
Por muito tempo, acreditou-se que a endometriose só acometia mulheres acima dos 20 anos. Isso se deve ao fato de que a cirurgia exploratória era a única forma de diagnosticar aquelas que já apresentavam sintomas muito graves e já tinham tido filhos.
Entretanto, muitas mulheres já apresentam sintomas de endometriose no início da adolescência, e desde os anos 1990, temos muitas evidências de que adolescentes e jovens mulheres podem sim ter endometriose.
Principalmente para meninas e mulheres e jovens, foi muito comum que as queixas de dor abdominal relacionada à menstruação não fossem levadas a sério, e, em menor escala, essa ainda é uma realidade hoje.
Por isso, mesmo que você tenha menos de 25 ou 30 anos, não deixe de buscar ajuda médica caso você sofra com dores abdominais, ok?
A endometriose é sempre dolorosa – Mito!
Apesar das dores abdominais serem um dos principais sintomas da endometriose, nem todas as pacientes com a doença sentem dor. É muito comum que mulheres com endometriose só descubram que são portadoras da doença depois de um ultrassom ou após terem dificuldades para engravidar.
Gravidez ou histerectomia curam a endometriose – Mito!
Muitas pessoas pensam que a interrupção do ciclo menstrual durante a gravidez funciona como uma cura para a endometriose, mas isso não é verdade! Os sintomas podem ser amenizados durante esse período, mas assim que o bebê nasce e os níveis hormonais começam a se estabilizar, os sintomas tendem a retornar.
Outras mulheres pensam que remover o útero e as trompas pode curar a endometriose. Acontece que a doença se caracteriza justamente pela presença do tecido endometrial fora do útero, então quando o assunto é cirurgia o principal é, na verdade, remover de endometriose, ou seja, o tecido endometrial ectópico.
A endometriose tem tratamento – Verdade!
Apesar de não poder ser curada, a endometriose pode ser tratada com medicamentos hormonais e, em alguns casos, com cirurgia. Para muitas mulheres, essas medidas conseguem paralisar a evolução da doença, amenizando os sintomas e, principalmente, prevenindo problemas de infertilidade.
Nesse sentido, receber o diagnóstico precocemente faz toda a diferença.
Fertilização In Vitro não é indicada para quem tem endometriose – Mito!
As taxas de sucesso da FIV tendem a ser similares para mulheres com endometriose do que para aquelas que não têm esse problema, e isso não significa que a Fertilização In Vitro não é indicada.
Muito pelo contrário, essa é uma das técnicas de reprodução assistida mais bem sucedidas para portadoras de endometriose, principalmente quando está associada a outros métodos de tratamento da doença.
Você tem alguma dúvida sobre endometriose? Fale com a gente!
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Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Uma complicação possível depois da indução da ovulação para tratamentos de infertilidade é a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, resposta exagerada dos ovários aos hormônios utilizados para maturar os óvulos.
Na parte 1, te explicamos como esse problema se desenvolve e os tratamentos indicados de acordo com a seriedade de cada caso de SHO. Agora, queremos falar sobre as formas de prevenir a Síndrome e, assim, evitar arriscar a saúde da tentante e o cancelamento do ciclo de estimulação ovariana.
Fatores de risco para o desenvolvimento da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Identificar as pacientes que correm mais riscos de desenvolver a SHO é a principal forma de prevenir esse problema, já que poderemos adequar o tratamento de acordo com as especificidades de cada uma.
Alguns fatores de risco amplamente conhecidos são os seguintes:
- Mulheres com Índice de Massa Corporal (IMC) abaixo de 20, ou seja, que estão abaixo do peso ideal;
- Mulheres com Síndrome de Ovários Policísticos;
- Mulheres com menos de 32 anos;
- Mulheres com histórico prévio de Síndrome de Hiperestimulação Ovariana;
Durante o tratamento, mulheres com altos índices de hormônio antimulleriano ou com mais de 15 folículos maduros também correm mais riscos de desenvolver a Síndrome e devem ser acompanhadas de perto.
Todos esses fatores são observados pela equipe de reprodução assistida para fazer ajustes no tratamento de fertilidade, sempre com o objetivo de preservar a saúde da mulher e possibilitar a gravidez.
Entretanto, como a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana pode colocar a vida da tentante em risco, em alguns casos o cancelamento do ciclo poderá ser recomendado.
Cancelamento do ciclo pode ser necessário na SHO
Tecnicamente, o cancelamento do ciclo de estimulação ovariana é a forma mais eficaz de prevenir o agravamento da SHO, mas nunca é fácil tomar essa decisão. A essa altura do tratamento, a mulher já está muito envolvida emocionalmente e financeiramente, e a última coisa que deseja é perder a chance de engravidar.
O uso de protocolos mais seguros como o protocolo antagonista e o trigger ( maturação final dos oócitos) com análogo do GnRH, tem se mostrado altamente eficaz na prevenção da SHO, com raríssimos casos descritos no mundo.
Outra alternativa imediata é chamada de coasting, que consiste na parada temporária de gonadotrofinas enquanto mantemos outros tipos de hormônios. Apesar de ser um grande aliado no controle da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, ainda é associado a menores taxas de gravidez.
Para pacientes em risco mas que chegaram a realizar a coleta de óvulos, pode ser também recomendado criopreservar os gametas ou embriões para uma gravidez em outro ciclo.
Essa medida pode ser interessante para evitar que uma possível gestação agrave mais ainda o quadro de SHO. Além disso, pacientes com a Síndrome possuem níveis elevados de estradiol, o que pode ser prejudicial para o endométrio e também para o embrião.
Sabemos que lidar com a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana, principalmente em quadros mais graves, pode ser assustador para a tentante. Justamente por isso, estamos disponíveis para responder todas as suas dúvidas sobre o assunto. É só deixar nos comentários aqui embaixo!
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Entenda tudo sobre a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Assim como qualquer tratamento médico, a indução da ovulação realizada em processos de reprodução assistida também traz alguns riscos associados. Um deles é a Síndrome da Hiperestimulação Ovariana (SHO), caracterizada pela resposta exagerada dos ovários à estimulação hormonal.
Esse problema, geralmente, é autolimitado, ou seja, se resolve sozinho dentro de uma determinada janela de tempo, mas necessita de acompanhamento porque pode gerar complicações muito sérias.
Na forma leve a moderada, seus principais sintomas são aumento no tamanho dos ovários, distensão ou desconforto abdominal, dor ou cólica, náusea, vômito , inchaço e ganho de peso. Eles são provocados pelo aumento da permeabilidade vascular, gerando acúmulo de líquido na cavidade abdominal e torácica.
Os casos mais leves costumam ser mais comuns, afetando aproximadamente 10% das mulheres tentantes, enquanto os índices para SHO moderadas e graves são de 3% a 6% e 0,5% a 2%, respectivamente.
Além disso, a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana também pode ocasionar o cancelamento do ciclo, o que gera muita frustração para a paciente.
Entendendo a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
O hormônio responsável por essa síndrome é o hCG. Ele estimula as células dos folículos ovarianos a produzirem substâncias que fazem com que o líquidos saiam das veias e artérias para o ambiente extravascular.
O hCG é utilizado para maturar os óvulos no processo de estimulação ovariana e costuma ser aplicado de 34h a 36h antes da coleta de óvulos. Chamamos esse hormônio de hCG exógeno.
Entretanto, ele também é liberado no início da gravidez pelas células do tecido que darão origem à placenta, e por isso é o hormônio utilizado como marcador para sabermos se a mulher está ou não grávida. Nesse caso, o chamamos de hCG endógeno.
Portanto, a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana pode ser um resultado tanto do processo de reprodução assistida quanto da gravidez em si, mas o hCG endógeno está associado a formas mais graves da doença.
Tratamento e complicações da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana
Essa Síndrome pode ser classificada como leve, moderada ou grave, refletindo a quantidade de líquido que se acumula no espaço entre a pele, músculo e demais órgãos.
Por esse motivo, as consequência do problema podem variar bastante, indo desde leve desconforto abdominal causado pelo aumento do tamanho dos ovários a trombose e insuficiência renal.
No quadro leve, a paciente pode perceber uma distensão abdominal, desconforto na região e náusea leve, com ocorrência de vômitos. O tratamento é administração de líquido isotônico, para restabelecer o equilíbrio do organismo e suplementação de proteína.
No quadro moderado, os sintomas são parecidos, mas podem ser mais intensos e a paciente também pode apresentar ascite (barriga d’água). Em alguns casos, é necessário interná-la para administrar medicamentos intravenosos.
Por fim, no quadro grave, a mulher pode apresentar complicações muito mais sérias, como acúmulo de líquido no tórax, ausência ou diminuição drástica do volume de urina, trombose venosa profunda, síncope e rápido ganho de peso.
Nesses casos, costuma ser necessário que a paciente seja internada em UTI e passe por uma drenagem do hidrotórax e da ascite por via vaginal. O quadro é grave, mas é importante se lembrar que esse é um fenômeno bastante raro, e atualmente, praticamente evitável com o uso de protocolos específicos.
Receber todas essas informações pode ser assustador para quem está buscando a reprodução assistida. Além de toda a ansiedade que é comum entre as tentantes, elas precisam também lidar com os riscos associados ao procedimento.
Por isso é tão importante estar amparada por uma boa equipe, que leva em conta as angústias desse processo e vai esclarecer todas dúvidas da paciente, o que sem dúvidas contribui para que ela se sinta mais tranquila.
No próximo post do blog, vamos contar alguns fatores de riscos envolvidos na Síndrome da Hiperestimulação Ovariana e como é possível prevenir o problema. Continue de olho por aqui, ok?
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Histerossalpingografia: o exame que ajuda a avaliar a saúde do útero e das trompas
Quando uma tentante busca a reprodução assistida por não conseguir engravidar naturalmente, indicamos uma série de exames para o casal com o objetivo de descobrir quais fatores podem estar impedindo a gestação.
Um desses exames é a histerossalpingografia, procedimento ginecológico que vai avaliar o útero e as trompas da paciente e verificar a presença de problemas como malformações, miomas, tecidos cicatriciais ou tubas obstruídas, por exemplo.
Como o raio-x comum não oferece a precisão necessária para avaliar a anatomia dos órgãos do corpo, na histerossalpingografia vamos aliar essa prática a um contraste aplicado diretamente no útero.
O que buscamos com uma histerossalpingografia
A histerossalpingografia busca, geralmente, identificar se as trompas estão pérvias e problemas uterinos que só podem ser diagnosticados com imagens. Alguns exemplos são os seguintes
- Malformação congênita
- Desenvolvimento de pólipos (crescimento semelhante a uma verruga)
- Miomas (tumores benignos
- Aderências e cicatrizes uterinas
Ou seja, esse exame serve justamente para verificarmos se a anatomia do sistema reprodutor da paciente está favorável para uma gravidez.
Ao identificarmos alguma dessas condições, podemos iniciar um tratamento para o problema em si ou utilizar uma técnica de reprodução assistida que possibilite a gravidez mesmo sem resolvê-lo.
Por exemplo, se uma paciente possui uma aderência que impede a chegada do espermatozóide até as trompas, a Fertilização in Vitro poderá ser indicada porque anula a necessidade de deslocamento tanto do gameta masculino quanto do óvulo fecundado.
Caso nenhuma alteração seja encontrada na histerossalpingografia, investimos em outros exames para tentar determinar a causa da infertilidade. Vale lembrar que problemas hormonais, por exemplo, não podem ser identificados por esse exame, além da endometriose, uma das principais causas de infertilidade feminina.
Como a histerossalpingografia é feita
Geralmente, indicamos que esse exame seja realizado uma semana após a menstruação e antes da ovulação, ou seja, entre o 6º e o 12º dia do ciclo menstrual. Vale ressaltar que o contraste utilizado pode causar perda gestacional, por isso é fundamental garantir que a paciente não está grávida antes de realizar a histerossalpingografia.
A histerossalpingografia é um exame simples e rápido, com duração média de 20 a 30 minutos. Ao utilizar raio-x e contraste, conseguiremos ver toda a anatomia do sistema reprodutor feminino.
Funciona assim: a mulher se deita de barriga para cima, com as pernas abertas e os joelhos dobrados, na posição comum para exames ginecológicos. O médico radiologista responsável pelo procedimento vai examinar rapidamente a região da vulva e então inserir um espéculo para manter a entrada da vagina aberta e permitir a visualização do colo do útero.
Depois, o médico irá inserir um cateter fino pelo orifício do colo uterino para injetar o contraste, que inunda o útero e as trompas até perto dos ovários, para só então começar a fazer o raio-x.
De maneira geral, esse não é um exame doloroso, mas algumas mulheres relatam sentir um pouco de cólica durante a histerossalpingografia. Por isso, pode ser que o médico receite algum tipo de medicamento para dor antes do procedimento.
Após o exame, o contraste será eliminado na forma de corrimento vaginal, e é importante que a paciente utilize um absorvente externo ao invés do interno para evitar infecções.
Quer saber mais sobre os exames que costumamos solicitar para começar a tratar a fertilidade de casais tentantes? Então confira esse post aqui do nosso blog em que listamos os principais deles.

O que é endométrio fino e como tratar para engravidar
O endométrio fino é uma das condições que podem afetar tanto a capacidade de a mulher engravidar quanto de manter a gestação. Não é incomum que essa seja uma das causas para a falha de implantação da FIV, por exemplo.
Muitas vezes, está tudo certo com o embrião, mas a espessura do endométrio não é adequada para que ele se desenvolva. Entretanto, apesar de causar esse e outros problemas de fertilidade, o endométrio fino tem tratamento.
O que é endométrio fino
Endométrio é a camada que reveste a parte interna do útero. É neste tecido que ocorre a implantação do embrião, o que dá início a uma gravidez.
Naturalmente, sua espessura muda ao longo do ciclo menstrual de acordo com a variação de hormônios na corrente sanguínea. Quando a mulher está no período fértil, é quando o endométrio fica mais grosso, pronto para receber o embrião. Se a fecundação não ocorre, o endométrio descama na forma de menstruação.
Entretanto, algumas mulheres podem ter uma camada muito fina de endométrio, mesmo no período fértil.
Alguns sinais de que você pode ter o endométrio fino são dificuldades para engravidar, ciclos menstruais irregulares e sangramento fora da menstruação.
Não existe um valor padrão para que o endométrio seja considerado saudável, mas, geralmente, quando fazemos o ultrassom para o tratamento de FIV, conseguimos identificar que a espessura dessa camada está abaixo do ideal para a fecundação. Uma camada fina do endométrio pode prejudicar o sucesso do tratamento de fertilidade.
Como é o tratamento para endométrio fino
Existem estratégias para aumentar a espessura do endométrio e aumentar as chances de a mulher engravidar.
A otimização do estímulo à ovulação, com uso de medicamentos de ação hormonal específica, pode produzir melhora na espessura endometrial. Alguns medicamentos vasodilatadores ou anticoagulantes estão também sendo estudados.
Algumas vezes a causa do problema pode estar em um processo infeccioso, a endometrite crônica. Esse problema pode ser identificado por histeroscopia com biópsia e tratado com antibióticos.
A injúria endometrial , ou “endometrial scratching” em inglês também foi proposta como uma estratégia para melhorar a receptividade endometrial, mas os resultados que pareciam otimistas inicialmente, ainda não são definitivos, ficando essa estratégia geralmente indicada quando a paciente já teve muitos ciclos de falha na FIV.
Vale ressaltar que muitas mulheres conseguem engravidar mesmo com o endométrio mais fino do que é considerado normal, desde que sua receptividade seja favorável, ou seja, na sua espessura máxima.
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