A infertilidade é entendida como tentativas fracassadas de engravidar durante um período de, no mínimo, 12 meses e com relações sexuais frequentes no caso de casais heterossexuais.
Nem sempre essa é a única razão para necessitar das técnicas de reprodução assistida. Pessoas que decidem constituir famílias monoparentais ou casais homoafetivos também podem se beneficiar dessas tecnologias.
Muito se fala sobre os métodos que viabilizam a procriação após um diagnóstico de infertilidade, mas, nem sempre, os impactos psicológicos, sociais e financeiros deste processo são abordados.
Claro que os homens também sofrem comoção diante de uma notícia de infertilidade, mas, aqui, vamos focar na percepção feminina frente à possibilidade de não conseguir gestar.
Primeiro, vamos entender por que a notícia de que a mulher ou o casal tem dificuldade para conceber filhos biológicos é tão impactante.
Como a descoberta da infertilidade pode repercutir nas mulheres que desejam ter filhos?
Mulheres que nem imaginam que elas ou seus parceiros possam ser portadores de problemas reprodutivos pressupõem que, ao decidir se tornarem mães, basta apenas suspender o anticoncepcional, realizar algumas tentativas e em pouco tempo já estarão gestando um bebê.
Essa expectativa de que tudo correrá com naturalidade e facilidade pode ser fonte de grande frustração.
A mulher pode experimentar sentimentos como incompletude, incapacidade, desesperança, decepção, derrota, desânimo, tristeza e até se sentir injustiçada por estar vivenciando essa situação enquanto diversas outras não precisam passar por esse transtorno.
A dor pode ser comparada ao falecimento de alguém estimado ou à descoberta de uma doença terminal.
A origem da infertilidade também pode influenciar na aceitação
O motivo da infertilidade também interfere nessa experiência. Quando há uma origem fisiológica, a possibilidade de cura pode trazer alívio para essa mulher.
Assim como também pode haver um diagnóstico definitivo de que a gestação será impossível, resultando num processo de luto por um filho que nunca existiu.
Já nos casos em que as causas não são aparentes, essa indefinição se um dia conseguirão realizar o sonho de ter um filho ou sobre o porquê isso está acontecendo pode ser mais um peso com que o casal terá que lidar.
A idade também afeta a capacidade reprodutiva. Entre os mais importantes motivos que levam ao adiamento da maternidade está o investimento na carreira.
Sendo assim, mulheres que não apresentavam problemas reprodutivos quando mais novas, podem encarar uma baixa reserva ovariana, por exemplo, que dificulta ou impede que ela tenha filhos biológicos.
Como essa situação vem ganhando mais visibilidade, recursos, como a criopreservação dos gametas, são empregados como prevenção para esse problema.
Ainda há aqueles casos de mulheres que não tomaram esse tipo de precaução e precisam lidar com as limitações trazidas pelo envelhecimento.
Mas, nem sempre a idade mais avançada é uma sentença de infertilidade definitiva, existem intervenções que podem reverter esse quadro.
Dito isto, podemos perceber que um mesmo tratamento pode trazer esperança e desgaste emocional ao mesmo tempo.
Todos os sentimentos que surgem desse processo são legítimos e merecem ser expressados.
Repercussões do tratamento
Não apenas o diagnóstico de infertilidade, mas o tratamento como um todo pode ser gerador de ansiedade e dúvidas.
A alteração da rotina, o investimento financeiro, as possíveis consultas durante o horário de trabalho, as estimulações hormonais e exames frequentes são só alguns dos agentes estressores a serem suportados nesse processo.
A interpretação pessoal sobre a condição de infertilidade também se soma a eles. Claro que há mulheres que lidam razoavelmente bem com a notícia, mas outras podem culpabilizar a si ou o parceiro, se revoltar ou até mesmo crer que isso seja uma punição divina.
Essa percepção vai depender de aspectos subjetivos de cada paciente, sua história de vida e o momento atual podem interferir na sua reação.
Por isso, não cabe julgamento, mas, sim, acolhimento e demonstração do que pode ser feito diante do cenário apresentado.
Esse processo pode ser penoso, mas pode, também, representar a única saída para alcançar o tão sonhado objetivo de ser mãe. As equipes multidisciplinares são preparadas para lidar com essas questões que não são incomuns.
Então contar com o apoio dos entes queridos e dos profissionais durante esta fase é de suma importância para amenizar o sofrimento e as dúvidas que possam surgir.